Fiat investe R$ 1 bilhão para reativar fábrica de tratores em Sorocaba
Com mercado aquecido no País, já há fila de espera de quatro meses para alguns modelos
Publicado: 20 Junho, 2008 - 00h00
Escrito por: CNM CUT
Surpreendidas pelo aumento de pedidos dos produtores rurais, os fabricantes de máquinas agrícolas estão adotando medidas para aumentar a produção. Aumento de capacidade de produção das fábricas, novos turnos de trabalho e contratações de funcionários esbarram, porém, na limitação dos fornecedores de peças. Há fábricas com tratores incompletos nos pátios e alguns modelos têm atualmente fila de espera de quatro meses.
O setor iniciou o ano projetando um aumento de 14,9% nas vendas em relação às 38,3 mil máquinas negociadas em 2007. Neste mês, refez as contas e concluiu que os negócios vão crescer 38,6%, para 53,1 mil unidades, o melhor resultado desde 1986. A produção deve bater recorde com 85 mil máquinas, volume 30,8% maior que o de 2007. O melhor resultado anterior havia sido obtido há 32 anos, com 82,6 mil unidades.
A Case New Holland (CNH), do Grupo Fiat, anunciou ontem a reativação de uma fábrica em Sorocaba (SP) que estava parada desde 2001. Na época, fazia 500 máquinas ao ano para a construção civil e tinha 600 empregados. Na nova fase, passará a produzir 4,5 mil máquinas a partir de 2010 - mais da metade para o setor agrícola - e empregará 1,2 mil funcionários.
O projeto vai consumir quase R$ 1 bilhão. A capacidade instalada será de 8 mil máquinas por ano, além de componentes que vão abastecer as outras três fábricas do grupo e o mercado externo.
"Após vários anos de baixa, o mercado começou a se recuperar a partir do fim de 2006 e achamos que era momento para ampliar nossa capacidade", diz o presidente da CNH, Valentino Rizzioli. A capacidade instalada do grupo está hoje em 28 mil máquinas agrícolas. Este ano, a empresa deve produzir 22 mil unidades.
A fábrica entrará em operação em 2009. A produção própria de vários componentes, como soldagem e usinagem, ajudará a reduzir gargalos.
"Em 2005 e 2006, corríamos atrás de clientes; agora o processo se inverteu e a oferta é menor que a demanda", diz Flávio Crosa, da Agrale. Para alguns tratores há espera de 60 a 90 dias. O normal é até 40 dias.
Em abril, a Agrale iniciou um segundo turno de trabalho e deve ampliar sua capacidade produtiva em 15% a 20% este ano. Só não cresce mais porque os fornecedores não acompanham o ritmo e sempre há veículos incompletos nos pátios.
A Agrale concentra produção em três fábricas em Caxias do Sul (RS) que, em 2007, venderam 2,3 mil máquinas agrícolas, 28% a mais que no ano anterior. Para 2008, a empresa prevê novo aumento de 10% a 15%.
A John Deere inaugurou em maio uma fábrica em Montenegro (RS) para produzir 15 mil tratores ao ano, o dobro da capacidade anterior do grupo. Investiu US$ 250 milhões e contratou 715 funcionários. Outras duas unidades concentram a produção de colheitadeiras, plantadeiras, acessórios e colhedoras de cana.
"Este ano será marcado por níveis recordes de renda agrícola, o que deve provocar nova fase de modernização no campo", diz Gilberto Zago, diretor da John Deere.
O grupo Agco, dono das marcas Massey Ferguson e Valtra, incorporou em 2007 uma nova empresa, a Sfil, antes pertencente a um grupo familiar gaúcho. Com a aquisição, passou a administrar quatro fábricas. Juntas, empregam 3,8 mil funcionários, quadro 43% maior que o de 2006. Algumas divisões operam em três turnos.
"O maior impasse hoje não é a fabricante, mas alguns fornecedores", diz o vice-presidente da Agco, André Carioba. "Há dificuldades no abastecimento e isso dificulta as entregas." Tratores mais sofisticados têm fila de três a quatro meses. Antes, era de um mês e meio.
Fonte: O Estado de S.Paulo
