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Fiat tenta vencer estigma em volta aos Estados Unidos

Publicado: 17 Junho, 2009 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Quando a Fiat SpA entrou no mercado americano, no fim dos anos 70, a montadora italiana pensou ter a resposta para a crise de combustíveis daquela década: uma frota de carros pequenos e de baixo consumo.

A incursão, no entanto, fracassou porque a Fiat teve dificuldades para criar uma rede eficiente de concessionárias, e porque as reclamações quanto a qualidade se avolumaram. A Fiat foi forçada a deixar os Estados Unidos no começo da década de 80, marcada pelo trocadilho debochado "Fix It Again, Tony"(Conserte isso de novo, Tony) com as iniciais da empresa.

Quase três décadas depois, a Fiat está finalizando sua segunda tentativa de entrar nos EUA. A nova aliança com a Chrysler Group LLC dá à montadora italiana acesso a uma extensa rede de distribuição e serviços e a uma empresa necessitada de tecnologia de automóveis.

Nos últimos anos os modelos Fiat têm tido um bom desempenho na Europa, com vendas locais comparáveis às da Ford Motor Co. e da Volkswagen AG. Durante os primeiros quatro meses de 2009, os modelos mais vendidos na Europa incluíram três Volks, dois Fords e dois Fiats, de acordo com a firma de consultoria de automóveis Jato Dynamics.

Para ter sucesso nos EUA, no entanto, a Fiat precisará conquistar compradores que estão mais acostumados a dirigir utilitários esportivos e camionetes.

A Fiat informou que vai tentar entrar no mercado americano vendendo apenas seus carros mais emblemáticos - o Fiat 500 e alguns modelos Alfa Romeo - com suas próprias marcas. O resto do plano da empresa envolve usar a tecnologia e o desenho de veículos Fiat em modelos que levarão a marca Chrysler.

A Fiat também terá de lidar com as lembranças ainda vivas a respeito da confiabilidade de seus veículos e da eficiência de sua rede de oficinas mecânicas.

"Os indícios na Europa são de que eles não estão no topo da lista (de qualidade), mas, de forma geral, houve melhora", diz Mark Fulthorpe, analista de automóveis da consultoria CSM Worldwide. "O fato de eles não terem conseguido superar as marcas alemãs não é uma grande novidade, mas eles estão no mesmo ritmo de outros concorrentes", como as marcas francesas e americanas, acrescentou.

O porta-voz da Fiat Gualberto Ranieri diz acreditar que a percepção negativa quanto à qualidade não será um problema, já que o único carro a ser vendido nos EUA com a marca Fiat é o 500, considerado pela empresa uma marca forte por si só.

A Fiat espera lançar o 500 no mercado americano em 2011, depois de cumprir as exigências dos EUA quanto a resistência a choques e emissões de poluentes. Com 3,5 metros de comprimento, mais ou menos o tamanho do Ford Ka, o 500, de formato ovalado, pode ser um dos menores veículos disponíveis no mercado americano, maior que o Smart, da Daimler AG, mas menor que o Mini Cooper da BMW AG.

Concebido para as ruas estreitas e os estacionamentos apertados de Roma e Paris, o 500 faz 20 quilômetros por litro de gasolina e custa entre US$ 15.793 e US$ 24.146.

Em 2006, o Fiat 500 foi escolhido o carro do ano por um grupo de jornalistas europeus especializados em automóveis. Eles elogiaram o design "retrô-chique", os "motores eficientes" e as modernas características de segurança.

"Tendo como base o Mini e, em menor escala, o Smart, temos indícios de que existe uma clientela razoável (nos EUA) para esse tipo de veículo, principalmente em áreas urbanas", diz Fulthorpe, da CSM.

Em 2008, o Fiat 500 foi o terceiro carro mais vendido na Itália, e desde o início deste ano as vendas dele contrariaram a tendência do setor e cresceram na Itália e no resto da Europa.

Parte do apelo do 500 para os europeus reside em seu passado emblemático. Na Itália, o Fiat Cinquecento original é lembrado como símbolo do boom econômico do país depois da Segunda Guerra mundial.

Tino Maiolo, 45 anos, o presidente de um fã-clube da Fiat em Nova York, disse conhecer cerca de uma centena de pessoas interessadas em comprar o Fiat 500 quando ele for lançado nos EUA.

Depois do lançamento do 500 nos EUA, a Fiat espera começar a vender Alfa Romeos, que são maiores, mais rápidos e menos econômicos que os Fiats.

O candidato mais provável da Alfa nos EUA é o Mito, um esportivo compacto que faz em média 17 quilômetros por litro. O Mito é 30 centímetros mais comprido que o Mini Cooper e tem um preço inicial de venda de US$ 21.594. Quando foi lançado na Itália, o presidente do conselho de administração da Fiat, Luca Cordero di Montezemolo, disse que o Mito era "um carro perfeito também para o mercado americano".

Além dele, a Fiat também espera vender nos EUA o Alfa 147, uma versão perua semelhante, em tamanho e formato, ao Golf da Volkswagen.

Ainda não se sabe que modelos Fiat a empresa espera adaptar e vender com a marca Chrysler.

Um porta-voz da Fiat diz que a empresa pode criar um modelo para os EUA a partir do Fiat Panda, um compacto hatch barato que se tornou o carros mais vendido na Itália. Ele faz 23 quilômetros por litro de gasolina e custa entre US$ 12.396 e US$ 22.040.

Fonte: The Wall Street Journal