Fusão de Arcelor e Mittal forçaria junção das usinas brasileiras
Publicado: 30 Janeiro, 2006 - 08h00
Escrito por: CNM CUT
Apesar de o conselho da Arcelor ter negado ontem a oferta da anglo-indiana Mittal Steel , que deve insistir hoje na compra, o cenário para as siderúrgicas brasileiras volta à discussão. A consolidação das siderúrgicas brasileiras num único grupo pode representar a melhor saída para manter a competitividade do aço brasileiro no mercado mundial.
Na avaliação do chefe de departamento de insumos básicos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Paulo Sergio Moreira da Fonseca, as fusões devem se acelerar nos próximos anos, restando pouco espaço para mais de uma siderúrgica no Brasil.
A gente acha que a indústria brasileira deve se aglomerar. Mais cedo ou mais tarde as empresas brasileiras vão ter de resolver essa questão. Já está batendo na porta delas. É uma questão de escala, disse.
A Mittal Steel Co. anunciou na última sexta-feira uma inesperada oferta de 18,6 bilhões de euros (US$ 22,8 bilhões) pela rival Arcelor SA. A transação criaria uma potência global que superaria de longe as principais concorrentes. A siderúrgica francesa Arcelor SA informou que tomou conhecimento da oferta da rival Mittal Steel, com o objetivo de adquirir uma participação controladora da companhia. O conselho de administração da Arcelor, no entanto, recusou neste domingo por unanimidade a oferta de compra hostil.
A Mittal Steel ainda informou que pretende vender a Dofasco para o grupo alemão ThyssenKrupp , por US$ 68 por ação. No Brasil, Fonseca aposta numa aglomeração capitaneada pelo grupo Gerdau . Segundo Fonseca, há sinalizações de que a companhia investirá na Açominas, para produzir aços planos.
Dessa forma, a Gerdau consolidaria sua posição no Brasil na chamada fase quente da produção e exportaria seus produtos para laminadoras próprias fora do País, onde seria executada a fase fria. Isso poderia dar impulso aos negócios da empresa para que tivesse caixa para adquirir participações em outras usinas. Mas Fonseca reconhece que um eventual processo de fusão não seria simples, tendo em vista a força da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e da Arcelor. Para Jorge Gerdau, dirigente do Grupo Gerdau, a negociação acelera a consolidação no setor.
O grupo Arcelor tem uma posição muito forte, tem praticamente 30% da siderurgia brasileira, e isto vinculado ao Mittal, fica um grupo mais forte no Brasil.
A montadora francesa PSA Peugeot-Citroën mostrou-se apreensiva quanto ao desfecho da oferta da empresa indiana pela Arcelor. Esperamos que a competição continue a existir, afirmou um porta-voz do grupo. Já o presidente da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), Roger Agnelli, classificou como um jogo de gigantes a oferta da Mittal pela Arcelor. O que se busca hoje é ganho de escala para reduzir custos e ampliar competitividade.
Aditya Mittal, filho do presidente executivo da Mittal Steel, disse na sexta-feira que conseguiu chegar à vice-presidência financeira da maior produtora de aço do mundo após 9 anos de trabalho. Seus comentários respondem às preocupações do banco conselheiro da Mittal, o Goldman Sachs, sobre a presença da família na diretoria da empresa. A família Mittal detém 88% da empresa.
Fonte: Diário do Comércio