GE expande fábrica em Contagem (MG) e entrega locomotiva feita no país
Publicado: 28 Maio, 2008 - 00h00
Escrito por: CNM CUT
A GE Transportation, braço do grupo americano para o setor ferroviário e máquinas de propulsão, acaba de expandir sua fábrica de Contagem (MG), fazendo com que o Brasil passe de importador a exportador de locomotivas de grande porte, apropriadas, principalmente, ao transporte de minério de ferro. O investimento faz parte da estratégia da multinacional para reforçar sua posição no país, que, desde o ano passado, assumiu porte equivalente ao do México, maior mercado da empresa na América latina. Os planos de expansão da multinacional contemplam ainda a construção de uma unidade de equipamentos médicos - como aparelhos de Raio X e tomógrafos.
"O Brasil é um dos mercados que mais cresce no mundo e deve manter esse ritmo até pelo menos 2015", disse o vice-presidente de vendas globais do grupo, David Tucker, que visitou ontem a fábrica da GE Transportation South America (Gevisa), em Contagem, para a entrega da primeira locomotiva de grande porte montada nas suas linhas de produção. A máquina, cujo o preço varia de US$ 2,5 milhões a US$ 3 milhões, foi entregue à MRS Logística, numa solenidade que contou com a participação do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, além de ministros e executivos da GE. Com 34 metros de comprimento e peso em torno de 200 toneladas, a locomotiva de grande porte é capaz de transportar 10 mil toneladas de minério de ferro, o que correspondente a cerca de 250 carretas. Até agora, o Brasil importava esse tipo de equipamento, uma vez que apenas locomotivas de pequeno e médio porte - de até 120 toneladas - eram produzidas internamente no país.
"Com essa nossa nova linha de produção, o Brasil passa a ser efetivamente um pólo mundial de fabricação de locomotivas", afirmou Rafael Santana, presidente da Gevisa. No ano passado, as exportações brasileiras de veículos e materiais ferroviários somaram US$ 360 milhões, ante importações de US$ 220 milhões, perfazendo saldo positivo de US$ 140 milhões. "Essa balança comercial do setor vai ficar ainda mais positiva", disse o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge.
O valor do investimento não foi informado, mas segundo Santana, a empresa aporta em média US$ 100 milhões ao ano na ampliação de suas operações. "Parte relevante desse orçamento foi aplicado no Brasil". A Gevisa também contou com incentivos fiscais propiciados pela União e pelo governo de Minas Gerais, com a isenção integral do ICMS e do Imposto de Importação, equalizando o regime tributário ao dos importadores. "Mais recentemente o setor ferroviário foi estimulado com a política de ampliação e desoneração do investimento produtivo, passando a contar com benefícios amparados no IPI, PIS, Cofins e, em alguns casos, com o Imposto de Importação", assinalou Miguel Jorge.
A expansão da Gevisa começou em 2006, elevando a sua capacidade de produção e revisão para até 150 locomotivas ao ano. Em 2007, foram fabricadas 30 unidades de pequeno e médio portes, parte delas exportada para a África do Sul, Colômbia e Jordânia. Neste ano, a Gevisa irá fabricar 30 locomotivas de grande porte, das quais 20 serão absorvidas pelos clientes brasileiros, como a MRS, as ferrovias da Vale do Rio Doce e a ALL. Outras dez devem ser exportadas para a Austrália e países do Oriente Médio e África. A expectativa é de que, dentro de quatro anos, a Gevisa atinja a sua capacidade total, considerando não só a produção de novas locomotivas, mas também a manutenção da frota já em operação. As máquinas de grande porte têm hoje índice de nacionalização de 12% a 15%, mas a meta é elevar esse percentual para 62% em breve.
"Vamos passar a disputar um mercado de US$ 3 bilhões ao ano", disse Santana. Segundo ele, os negócios da GE Transportation no Brasil propiciaram receitas de US$ 200 milhões em 2007, o dobro do observado no exercício anterior. O grupo, por sua vez, faturou US$ 2,3 bilhões, empatando com o México, que, até então, era o maior mercado da GE na América Latina. "No primeiro trimestre, as receitas no país subiram 87%, chegando a US$ 700 milhões, e deve fechar o ano em US$ 3 bilhões", disse Marcelo Mosci, presidente da GE na América Latina. Com esse desempenho, a GE pretende expandir seus negócios no mercado brasileiro. A área de equipamentos médicos, a GE Healthcare, já anunciou uma fábrica no Brasil, para produzir, inicialmente, aparelhos de Raio X e imamógrafos. O investimento é estimado em US$ 4,5 milhões e a idéia é iniciar a operação da nova unidade no segundo semestre de 2009. Um protocolo de intenção foi assinado ontem com o governo de Minas Gerais, com vista a instalar a fábrica em Contagem. Futuramente, a empresa pretende implantar um linha para produzir tomógrafos. "Vamos exportar pelo menos 60% da produção", disse Cláudia Goulart, presidente da GE Healthcare para a América Latina.
Fonte: Valor