GM: união de marcas famosas que durou um século

A nova GM emerge ao fim de um século de junção de marcas. A própria companhia nasceu da união de vários fabricantes - e daí o nome General Motors. A fórmula prevaleceu ao longo dos anos, com a incorporação de novas marcas. Num movimento inverso ao conceito que a originou, agora em crise, a GM é obrigada a se desfazer de boa parte dessas propriedades. Da coleção de logotipos que fizeram história, a marca Chevrolet, usada também no Brasil, é a que deverá predominar na companhia reestruturada.

Em setembro de 1908, o fabricante de carruagens William Durant, um americano obcecado pela liberdade de mobilidade, se instalou em Michigan, onde fundou a General Motors, que trouxe também a Buick, Cadillac, Oldsmobile e Oakland .

Algumas marcas trazem os sobrenomes de seus fundadores. Enfraquecido financeiramente quando se juntou à nova empresa, David Buick fabricava veículos desde 1903. Também foi com as vendas e lucros em queda que a Olds, que viria a se chamar Oldsmobile, foi incorporada à GM.

Em 1909, Durant quase fechou acordo para juntar a Ford à GM. Só não conseguiu porque a Ford fez questão de pagamento em dinheiro. A Chevrolet nasceu em 1911. Durant já havia deixado a GM quando fez uma parceria com o suíço Louis Chevrolet que, como a maioria dos fundadores de fábricas de carros da época, começou produzindo bicicletas. Em 1918, a GM comprou todos os ativos da Chevrolet.

Durant entrou em cena novamente em 1919, ao vender à GM uma fábrica de geladeiras desconhecida, que mais tarde viria a se chamar Frigidaire. Este seria o primeiro dos negócios não relacionados com veículos. Mais tarde, em meados dos anos 90, a GM comprou a empresa de serviços de tecnologia EDS (que hoje é da HP)e a de satélites, Hughes Electronics.

Em 1925, foi comprada a inglesa Vauxhall, que hoje integra as operações da Europa, à venda, junto com a Opel. O alemão Adam Opel, aliás, que iniciou carreira produzindo máquinas de costura, foi o fundador da Opel, que a GM comprou em 1929 com a ideia de expandir operações fora dos EUA.

Passados os anos de guerra, o ciclo de aquisições voltou ao final dos anos 90, com a sueca Saab. No final dos anos 90, a companhia reforçou a presença da marca Buick na China. Em 1999, comprou a Hummer, de veículos utilitários, e em 2002 a coreana Daewoo.

No Brasil, os modelos Chevrolet atraem legiões de admiradores que se reúnem em clubes. Para eles, não importa se a matriz da montadora está em apuros financeiros. Sérgio Silva, que colabora com o Opala Clube de São José dos Campos, um dos muitos espalhados no país, o que interessa a um "opaleiro" é a certeza de que vai conseguir "garimpar" peças para o modelo que saiu de linha há anos. "Um carro assim é paixão, uma relíquia", diz.

Fonte: Valor