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Honda: Três meses de fila e ágio para ter um Civic

Publicado: 19 Dezembro, 2006 - 08h00

Escrito por: CNM CUT

O aquecimento do mercado de automóveis no Brasil ressuscitou a cobrança de ágio, prática comum nos tempos de mercado dominado por poucas montadoras. Quem quiser comprar o Civic, da Honda, tem que esperar três meses. As concessionárias estão cobrando sobrepreços que variam de 5% a 9%.

O fabricante admite a cobrança do adicional. 'Como não há controle de preços, isso é um efeito da lei da oferta e procura', afirma o gerente comercial, Alberto Pescumo Filho. A montadora está concluindo ajustes na fábrica, localizada em Sumaré (SP), para elevar a capacidade de produção de todas as linhas em 15% a partir de janeiro.

A fidelidade do cliente que aceita ficar na fila e até pagar mais entusiasma a direção da Honda. Segundo Pescumo, a demanda está acima da produção desde maio, quando a oitava geração do modelo vendido em todo o mundo foi lançada no mercado brasileiro.

O preço sugerido pelo fabricante para a versão mais barata do carro (LXS mecânico) é de R$ 61.745 para São Paulo. Uma concessionária da cidade pediu R$ 66,5 mil ontem. Valor 7,7% mais acima da tabela. 'Como o carro só vai chegar em março, já estamos embutindo um reajuste de preço que a fábrica deve anunciar durante esse período', justificou o vendedor.

Há quem ainda consiga encontrar algum Civic na versão mais sofisticada (EXS automático) para pronta entrega no mercado paulista. Mas para levar o carro precisa desembolsar R$ 87 mil, praticamente R$ 7 mil acima do preço sugerido pela montadora.

Pescumo explica que a sondagem feita pela empresa indicou que o carro está sendo vendido com preços em torno de 5% acima da tabela. Hoje a fábrica brasileira opera com três turnos. A ampliação industrial permitirá reduzir para dois, o que garantirá fôlego extra se a demanda continuar aumentando em 2007.

Além do sucesso atribuído pela direção da Honda ao modelo, o descompasso entre a oferta e a procura do Civic é resultado de gargalos que ultrapassam o limite da fama do veículo.

A Honda está entre as montadoras que ainda dependem da importação de boa parte dos itens. As marcas japonesas ainda trazem do país de origem componentes de peso, como os motores. No caso do Civic, 30% das peças são importadas.

Com o aumento dos investimentos da indústria automobilística em novas regiões do mundo, as matrizes das montadoras têm de ampliar os volumes de peças exportadas para os novos mercados. No caso da Honda, já existe uma pressão de demanda na fábrica dos Estados Unidos, onde as marcas japonesas estão ocupando o espaço dos fabricantes locais.

Mas, além disso, diz Pescumo, a linha de produção no Japão tem de atender também às encomendas de peças feitas pela fábrica da companhia erguida na China.

Fonte: Valor