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Importação reduz preços do aço no mercado nacional

Publicado: 19 Julho, 2010 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

O ritmo veloz das importações brasileiras de aço provoca reviravolta num mercado concentrado nas mãos de poucos fabricantes. Como reação à concorrência dos vergalhões (ferros para a construção civil) de origem estrangeira, fornecedores tradicionais das construtoras no Brasil estão deixando de aplicar reajustes de preços que chegaram a ser anunciados em junho. As negociações levaram, inclusive, à redução do custo da matéria-prima nacional, este mês, de 11% a 20%. Mostra de que a competição tende a crescer, a Construtora Castor é uma das empresas que refizeram um contrato de compra de vergalhões com a garantia de manutenção de preços, sem correção, até dezembro.

Para Cantídio Alvim Drumond, superintendente da Construtora Castor, começou a briga comercial no fornecimento de insumos tão esperada pela construção civil. "Não há dúvida de que as siderúrgicas sentiram o avanço das importações. Nós vamos privilegiar o preço, se a qualidade do aço importado for a mesma", afirma o executivo. Os preços cotados pela Castor para o ferro de meia polegada saíram de R$ 2,7 mil por tonelada em junho para R$ 2,429 mil acertados na semana passada para vigorar até o fim do ano. O contrato vale para quatro obras que a empresa está executando em Belo Horizonte, sozinha e em parceria.

As tabelas de preços de vergalhões encaminhadas em 18 de junho previam reajustes de 4,6% a 8,9%, dependendo da bitola e do tipo de aço. Ricardo Catão Ribeiro, diretor da RC Engenharia, também atribui à competição do aço importado o fato de a alta dos preços no Brasil ter sido estancada. "Qual é a justificativa para os aumentos anunciados se o preço do nosso aço já é um dos mais altos no mundo?", indaga. A indústria da construção civil, no entendimento de Catão Ribeiro, está se beneficiando da concorrência que ela mesma enfrenta em seu setor.

O consumidor, da mesma forma, começou, este ano, a ter opção de escolha do ferro para construção e tem aprovado o produto importado, segundo Aroaldo Alves, proprietário do Depósito de Material Santa Efigênia, que oferece a matéria-prima de fabricação estrangeira há seis meses. Os preços são de 10% a 15% inferiores aos do vergalhão nacional, que parou de encarecer, de acordo com o empresário. Metade dos estoques de Alves já são do importado, mas ele ainda tem dúvida sobre o fôlego desses concorrentes: "Os produtos importados de muito valor agregado costumam ter vida curta. Quando o câmbio normalizar o aço nacional volta a prevalecer", afirma.

Diferentemente da visão de Alves, Rubson Lopes Nogueira, dono da Distribuidora Cobraço, vê um amplo espaço para ser ocupado pelo aço importado de qualidade no país. A Cobraço firmou acordo com o grupo espanhol Celsa, um dos maiores fabricantes de vergalhões da Europa, para ser a porta de entrada da marca no Brasil. O primeiro lote do produto deverá estar no galpão da distribuidora, no Anel Rodoviário de BH, antes do fim do mês. O aço foi certificado pelas normas brasileiras e conta com o selo do Inmetro.

"Vamos oferecer uma alternativa de fornecimento que já era aguardada havia muito tempo pelo mercado, desde o pequeno ao grande construtor", afirma o empresário. Além da indústria de Minas, a Cobraço está negociando o fornecimento a clientes de outros estados do Sudeste e do Centro-Oeste. A empresa venderá os vergalhões europeus e vai oferecer serviços de corte e dobra do material. As importações dos chamados aços longos, consumidos na construção civil, cresceram 151,8% de janeiro a maio, somando 542,2 mil toneladas, na comparação com os primeiros cinco meses de 2009, conforme levantamento do Instituto Aço Brasil (antigo IBS).

Fonte: Estado de Minas