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Iveco aposta em caminhão movido a diesel e etanol

Publicado: 09 Maio, 2011 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

O primeiro caminhão do mundo movido a diesel e etanol deve ser comercializado pela Iveco a partir de maio do ano que vem. Apresentado pela fabricante na Agrishow 2011, encerrada na sexta-feira, 6, em Ribeirão Preto, SP, o veículo, ainda um protótipo, passará por testes de campo durante os próximos seis meses engatado a um bitrem para o transporte de vinhaça na Usina da Barra, em Barra Bonita, SP. O período seguinte servirá para ajustes finais no caminhão, denominado Ethanol Bi-Fuel.

O caminhão foi desenvolvido pela Iveco em conjunto com a FPT Powertrain e Bosch, a pedido da União da Indústria de Cana de Açúcar. Também tem a parceria da Raízen, joint-venture firmada pela Shell com a Casan.

O modelo escolhido para receber a nova motorização foi um Trakker, considerado pela empresa ideal para a aplicação em canaviais, com 360 cv e capacidade para tracionar até 67 toneladas. No estágio inicial do desenvolvimento a taxa de substituição média do diesel pelo etanol será de 40%, podendo avançar: já existem estudos para elevá-la até 60%. De acordo com Renato Mastrobuono, diretor de desenvolvimento de produto da Iveco, tecnicamente é possível a substituição total, mas é preciso avaliar o custo-benefício em função da tecnologia a ser incorporada.

O executivo assegura, no entanto, que já na taxa de 40% é possível obter benefícios – dentre ele redução média de 6% no custo do combustível por quilômetro rodado quando comparado a um veículo 100% diesel. Os cálculos foram feitos considerando o preço do etanol da usina para o distribuidor e o óleo diesel a R$ 1,77, abaixo do atualmente cobrado nos postos de combustíveis do País. Mastrobuono ainda cita o aspecto ambiental, com a redução nas emissões de NOx e de fuligem.

Outra vantagem é o fato do caminhão ser 100% reversível para diesel. Isto permite seu uso no transporte do etanol da usina para outros pontos de distribuição ou aplicação em atividades diversas, influenciando positivamente no valor de revenda. Mastrobuono destaca que aplicado fora do seu foco inicial o caminhão pode apresentar redução no custo do consumo de combustível de até 4%. Ainda não há indicativos de quanto o modelo custará, mas deverá ser 3% a 5% superior ao modelo exclusivamente diesel, hoje com preço médio de R$ 300 mil.

Os testes realizados ao longo dos últimos quinze meses mostraram que o motor bi-fuel não apresentou perda alguma de rendimento na comparação com um diesel. O diretor também destacou a tecnologia simplificada, que facilita a manutenção. Eventuais problemas como corrosão ou borras, segundo ele, serão sanados nos testes de campo.

O caminhão utiliza motor Iveco-FPT de seis cilindros e nove litros, com sistema de injeção commont rail. O modelo possui dois tanques de combustível, um para etanol e outro para diesel. O etanol hidratado é injetado no ciclo de admissão e, após a compressão, é detonado com injeção do próprio óleo diesel, sem necessidade de aditivo ou antidetonante. As quantidades são dosadas pela central eletrônica do motor e variam de acordo com as condições de pressão, temperatura e carga.

Para Mastrobuono, o desenvolvimento desta tecnologia abre novas oportunidades de aplicação, principalmente no segmento de ônibus urbano. Ele admite estudos neste sentido e acredita na possibilidade de aplicação em 90% da frota circulante em São Paulo. Reconheceu ainda que esta tecnologia possa vir a ser aproveitada nas demais linhas da Iveco, de veículos grandes a pequenos, com motores de três e seis litros, para aplicações rodoviárias e urbanas.

Fonte: Autodata