MENU

Levar as pautas identitárias aos sindicatos amplia a defesa dos trabalhadores

Sexto módulo do Curso de Formação Sindical da CNM/CUT tratou da importância das pautas identitárias dentro da luta sindical

Publicado: 30 Julho, 2024 - 17h51 | Última modificação: 30 Julho, 2024 - 17h54

Escrito por: Redação CNM/CUT

notice

Na última quinta-feira (25) a CNM/CUT realizou o sexto módulo do Curso de Formação Sindical da entidade e o tema abordado foram as pautas identitárias. Os participantes puderam debater o que são as pautas identitárias e qual a importância delas dentro do movimento sindical. 

Segundo a secretária de Formação da CNM/CUT, Maria do Amparo Travassos Ramos, reconhecer a importância das pautas identitárias na luta sindical é também garantir direitos, combater discriminações históricas, promover a igualdade e o reconhecer as diferenças.

“As pautas identitárias são preocupações legítimas de grupos específicos buscando justiça e inclusão. Elas focam em promover a inclusão e a justiça social. É crucial diferenciar as pautas identitárias do identitarismo, pois o identitarismo pode dar ênfase excessiva às identidades de grupo, priorizando essas identidades sobre interesses comuns, o que pode levar à fragmentação social. Em certos contextos, o identitarismo pode reforçar divisões e polarizações”, afirma a dirigente.

Durante o decorrer do curso, que é ministrado à distância por meio da plataforma virtual Zoom, os participantes foram provocados a pensar em questões como: o que pensam ou sentem quando no que se refere às pautas identitárias? Se a missão dos sindicatos é a de lutar por condições dignas de trabalho para todos, porque o movimento sindical precisa reivindicar direitos para grupos específicos?

A bancária, militante feminista, doutora em sociologia, relações de trabalho, desigualdades sociais e sindicalismo pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC), Deise Recoaro, fez uma apresentação sobre o tema e orientou os debates no encontro. Ela elogiou a atividade e destacou a intensa troca de ideias dos participantes.

“A categoria metalúrgica tem tradição de luta e já mudou a história desse país quando enfrentou a ditadura. Essa ousadia permanece viva na medida que se propõe discutir e refletir sobre temas considerados tabus na sociedade brasileira. Foi um privilégio participar dessa conversa com um grupo tão qualificado”, disse Deise.

Para a socióloga, é uma falsa polêmica contrapor as pautas ditas gerais com as pautas identitárias, algo que é comum ocorrer dentro do campo político progressista. 

“Beth Lobo já alertava que a classe trabalhadora não é homogênea, que não se pode fazer política sindical considerando que todos são homens, brancos e heterossexuais. Negar ou subjugar as demandas de parcelas dessa classe é virar as costas para quem mais precisa,  pois além de sofrer com as explorações que atingem a todos, ainda acarretam as tristes estatísticas que coloca o Brasil como um dos países que mais mata mulheres, negros e LGBTQIA”, enfatizou Deise.

Ela acredita que quando os sindicatos resolvem abraçar as causas identitárias, indo além das pautas tradicionais, eles ampliam seu campo de atuação. “Isso é cumprir com seu papel histórico: lutar contra toda forma de exploração e opressão da classe trabalhadora”, completou.

Programa de formação vai até novembro

O Curso de Formação Sindical da CNM/CUT teve início em março deste ano e é voltado para dirigentes de todas as federações e sindicatos de base estadual filiados à Confederação. Serão dez módulos formativos, que serão aplicados mês a mês, por meio da plataforma virtual Zoom, até novembro. O próximo módulo, o sétimo, ocorrerá no final de agosto e tratará de Políticas Públicas.