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LG amplia participação com enfraquecimento da Motorola

Publicado: 15 Maio, 2008 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Com a Motorola numa espiral de queda, há uma nova dúvida se abatendo sobre o mercado mundial de telefones celulares, que movimenta US$ 142 bilhões por ano: quem vai lucrar mais com o colapso de uma das grandes concorrentes do setor? Surpreendentemente, a resposta não é a líder do mercado, a Nokia, ou a número 2, a Samsung Electronics. Parece que o verdadeiro beneficiado acabará sendo a LG Electronics, uma companhia da Coréia do Sul que tinha a reputação de lançar celulares resistentes e com preços em conta, que não se esforçavam muito para serem notados. 

Agora, os dias de concorrente de segunda-linha da LG acabaram. As vendas de seus celulares cresceram 54% nos primeiros três meses de 2008, em comparação ao mesmo período do ano passado. No processo, a LG aumentou sua participação de mercado de 6,4% para 8,6%, segundo a firma de pesquisas Strategy Analytics. Isso catapultou-a ao quarto lugar do ranking, à frente da Sony Ericsson e perto da outrora inatacável Motorola. Se a Motorola não reagir, "a LG deverá superar a companhia até o fim do ano", afirma o pesquisador Thomas Kang da Strategy Analytics. 

Não há dúvidas de que, até certo ponto, a rápida ascensão da LG é uma questão de sorte. Duas de suas principais concorrentes, a Motorola e a Sony Ericsson, tropeçaram. Mais uma vez, a LG aprendeu algumas lições com os erros de suas concorrentes. A Motorola dependia demais do RAZR, seu celular ultra-fino e popular. O maior sucesso da LG até agora foi o Chocolate, um celular delgado que parece uma barra de chocolate e é equipado com um mostrador deslizante que produz uma luz vermelha: cerca de 18 milhões foram vendidos no mundo desde seu lançamento em maio de 2006. A companhia também fez barulho na Europa e na Ásia com seu telefone Prada, um modelo com tela sensível ao toque projetado em conjunto com a casa de moda italiana. O caro aparelho fez sua estréia em março do ano passado - três meses antes do iPhone. 

O sucesso do Chocolate ajudou no ano passado a alavancar seu criador, Skott Ahn, para o principal cargo da unidade de celulares da LG, que fatura US$ 11,2 bilhões ao ano. Mas em vez de lançar uma sucessão de seqüências, como fez a Motorola com o RAZR, Ahn instigou seu pessoal a criar novos modelos. Para ganhar mais poder de inovação, ele dobrou o número de projetistas da companhia, para 150, e de engenheiros, para 4.000. Ele também lançou uma competição interna anual de design. 

O vencedor deste ano é o "Secret", moldado de uma maneira elegante e ao mesmo tempo robusta em fibra de carbono e vidro temperado, e equipado com uma câmera de 5-megapixels e software que permite aos usuários criar seus próprios vídeos de música. Ele começou a ser vendido este mês na Europa e provavelmente será lançado nos Estados Unidos. Segundo afirma Ahn: "Precisávamos de desempenho estelar para construir confiança em nossa marca". 

Está dando certo. Os novos celulares de visual arrojado estão ajudando a LG a aumentar seus lucros fora da Coréia do Sul e da América do Norte, que juntos respondem por quase metade das vendas. (A Verizon Wireless, que tem uma parceria com a LG nos EUA, não quis comentar o assunto.) "As operadoras de telefonia estão tratando a LG com mais respeito", diz Harrison Cho, analista da corretora Mirae Asset Securities de Seul. 


Os investidores também. A ação da LG acumula valorização de 57% no ano, o que faz dela o papel de melhor desempenho entre as cinco maiores fabricantes de celulares do mundo. Cho, da Mirae, acredita que os lucros da LG com seus negócios com celulares vai mais que dobrar este ano, para pouco mais de US$ 2 bilhões, em razão de um aumento de quase 50% nas vendas. 

Ahn está ciente de que essa organização ainda é fraca no lucrativo mercado de telefones inteligentes, onde a Apple, a Research in Motion e a HTC de Taiwan gozam de margens que superam 20%, enquanto a LG paira sobre os 14%. E a Apple, embora um concorrente de nicho no mercado de aparelhos de mão, poderá se tornar um titã se decidir reduzir os preços e firmar acordos com as operadoras de telecomunicações. Ahn diz: "Temos um longo caminho a percorrer, mas estamos no rumo certo". 

Fonte: Valor

LG