Maior demanda ferroviária eleva venda de locomotivas
Publicado: 30 Janeiro, 2006 - 08h00
Escrito por: CNM CUT
A renovação da indústria ferroviária nacional, já consolidada na área de vagões, começa a chegar ao segmento de locomotivas. A General Electric Rail retomou, recentemente, a produção interna desses equipamentos, após depender, por vários anos, apenas da reforma de locomotivas. Além disso, a importação dessas máquinas ferroviárias foi isentada de tarifa, o que pode facilitar o mercado para os fabricantes que fazem apenas reformas no Brasil, como a Bombardier Transportation .
A GE Rail voltou a produzir locomotivas de até 3 mil HP, firmando inclusive contratos de exportação com a África do Sul, a Colômbia e a Jordânia. A oferta nacional enquadra-se nessa categoria. Para os equipamentos mais potentes, acima dos 3 mil HP, são importadas locomotivas usadas, que são reformadas e rebitoladas no Brasil, explica Luis Cesario Amaro da Silveira, presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer). O executivo afirma que a GE pode, nos próximos anos, iniciar a produção interna também de locomotivas de maior potência.
As locomotivas adquiridas pelos operadores nacionais são, em geral, equipamentos usados comprados no mercado externo e reformados por empresas nacionais. Com a isenção tarifária na importação desses bens de capital, empresas como as operadoras América Latina Logística (ALL) e Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN) e a Bombardier deixarão de recolher os 14% de imposto, que antes incidia sobre a importação de locomotivas diesel-elétricas, com potência superior a 3 mil HP.
A ALL é um dos principais defensores da medida, já que importa locomotivas usadas diretamente, reformando-as por conta própria. Segundo a empresa, a alternativa é mais viável do que a fabricação de equipamentos novos no mercado interno.
A General Electric Rail retomou recentemente a produção de locomotivas no Brasil, sendo que já conta com encomendas no exterior. Uma locomotiva nova custa cerca de US$ 2 milhões.
A CFN é mais pragmática na análise da isenção de imposto de importação. Para a companhia, nesse momento a resolução deverá ter pouco ou nenhum efeito, mas pode impactar positivamente quando for iniciada a construção da Nova Transnordestina. A empresa afirma que, na ocasião, poderá realizar a aquisição de novas locomotivas. Entretanto, embora a medida reduza os custos de importação dos equipamentos ferroviários, pode ter vindo tarde demais, segundo Marcelo Zugaiar, gerente de vendas da Bombardier Transportation. Pode haver aumento no volume de importações do equipamento, mas o problema é que a oferta de locomotivas usadas no exterior, principalmente nos Estados Unidos, está em baixa, afirma.
O executivo diz que o principal alvo da Bombardier e das operadoras ferroviárias brasileiras são locomotivas usadas, que são importadas e reformadas no Brasil. A aquisição de equipamentos novos ainda não é compatível com o grau de rentabilidade do setor ferroviário nacional, afirma. Mas Zugaiar diz que, em breve, as operadoras nacionais conseguirão equilibrar sua rentabilidade e a aquisição de novos equipamentos será maior.
Mas agora já há fabricação interna de locomotivas, explica. O gerente comenta que a Bombardier efetuou a reforma de 17 locomotivas importadas para a Brasil Ferrovias , na sua unidade em Hortolândia.
Modelos novos
Mesmo com o corte na alíquota de importação, as locomotivas trazidas pelas empresas e operadoras para o Brasil têm melhorado seu perfil, nos últimos três anos. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), no ano passado foram importadas 148 locomotivas diesel-elétricas, com potência acima de 3 mil HP.
Embora o número tenha sido menor que o registrado nos dois anos anteriores (204 unidades em 2004 e 159 em 2003), o que mudou foi o valor médio unitário de cada equipamento, que no ano passado chegou à casa de US$ 1 milhão por unidade.
Em 2004, cada locomotiva importada custava em média US$ 389,3 mil e em 2003 esse valor chegava a apenas US$ 82,9 mil. Mesmo levando-se em conta a depreciação do dólar, esses números demonstram uma melhora na qualidade dos modelos importados. Mineração
Impulsionada pela alta demanda de minério de ferro no mercado internacional e pelo crescimento das exportações brasileiras, a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) pretende investir US$ 379 milhões este ano na aquisição de vagões e locomotivas. O orçamento prevê a aquisição de 1.426 vagões, dos quais 1.276 para a movimentação de minério e 150 para a carga geral de clientes. Também serão adquiridas 22 locomotivas, dedicadas ao transporte de minério de ferro. Embora elevado, o volume de recursos é inferior ao aplicado em 2005, quando a companhia adquiriu 5.414 vagões e 125 locomotivas.
Fonte: Diário do Comércio