Maior fabricante mundial de latas de alumínio e aço reorganiza operações
André Balbi, diretor-geral da Rexam Americas: "No momento, a criatividade latino-americana na gestão é vantajosa"
Publicado: 10 Junho, 2009 - 00h00
Escrito por: CNM CUT
Para ganhar mais agilidade e visibilidade em seus negócios, a Rexam, maior fabricante mundial de latas de alumínio e aço para bebidas sediado em Londres, acaba de reorganizar suas operações em três grandes unidades de negócios no setor de embalagens: Américas, Europa&Ásia e Plásticos. Para comandar a Rexam Beverage Can Americas, voltada à fabricação de latas, foi escalado o brasileiro André Balbi, que até ontem presidia as operações da América do Sul, sediada no Brasil. A partir de hoje, baseado em Chicago, EUA, o executivo torna-se responsável por uma fatia expressiva do receita global da Rexam.
A cargo de Balbi, economista de 46 anos formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e com nove anos de carreira no grupo, ficará uma divisão de negócios composta por 16 fábricas de latinhas de alumínio nos EUA, 11 na América do Sul (Brasil, Argentina e Chile), uma no México e uma Guatemala.
Essa região, em 2008, respondeu por cerca de um terço do faturamento global da Rexam - US$ 6,75 bilhões. A companhia é uma das líderes globais em embalagens metálicas e plásticas para consumo (bebidas, alimentos, cuidados pessoais e saúde). Está presente em mais de 20 países e possui cerca de 24 mil funcionários. A fabricação de latas de alumínio e aço, com 55 bilhões de unidades por ano, respondeu por 72% do faturamento total da Rexam, o correspondente a US$ 4, 81 bilhões.
Segundo disse Balbi ontem ao Valor, pouco antes de embarcar para Chicago, o grupo decidiu unir sob o mesmo comando as duas divisões de negócios nas Américas - a da América do Sul, que presidia desde junho de 2004, e a da América do Norte. Nos Estados Unidos, a Rexam é o terceiro maior fabricante e detém 24% de participação de mercado: são vendidas por ano no país em torno de 100 bilhões de latas de alumínio para bebidas, com destaque para cervejas e refrigerantes. No restante da região as vendas atingem mais 20 bilhões.
Na América do Sul, a Rexam entrou pelo Brasil em 1996 ao erguer uma fábrica em Extrema, Minas Gerais. No país, lidera o mercado, que somou 13,3 bilhões de latas vendidas no ano passado, com bem mais de 60%. Com nove fábricas espalhadas em vários estados (Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Distrito Federal, Pernambuco e Amazonas) compete com as também gigantes LatapackBall e Crown. É dona ainda de uma unidade na Argentina (Buenos Aires) e outra no Chile (Santiago).
A expansão da multinacional inglesa na América do Sul ocorreu em novembro de 2003 com a aquisição da antiga Latasa. Com isso, a operação ganhou, em 2006, status de setor isolado, reportando-se diretamente a Londres, e passou a responder por 12% da receita total da Rexam.
Para Balbi, a sua escolha para comandar a Rexam Americas, definida no fim de maio, se deve aos bons resultados da companhia nos últimos anos, com crescimentos anuais médios de 6%, e ao fato de aliar "inovação tecnológica, excelência em gestão e conhecimento de capital humano". Ele diz que, além disso, a empresa buscou diferenciar-se no quesito logístico: montou unidades próximas às dos seus clientes.
O executivo carioca informa que as estruturas operacionais das duas regiões (América do Norte e Central e América do Sul) vão permanecer separadas, com diretorias industriais, financeira e comerciais distintas e estratégias específicas. "A visão e o comando do todo é que ficam sob um comando único".
Segundo Balbi, essa reorganização feita pelo grupo Rexam buscou maior energização dos negócios. Sem admitir que isso se deveu à crise econômica que afetou as operações da maioria das companhias europeias e americanas, o executivo admite que "no momento a criatividade latino-americana é vantajosa". "Nossas operações na América do Sul tem mostrado grande competitividade. Nos últimos três anos fomos considerados a melhor operação do grupo".
No segmento de embalagens plásticas, que forma o terceiro negócio, a Rexam faturou US$ 1,86 bilhão em 2008. Atua nos mercados de alimentos, cosméticos e saúde (principalmente farmacêutico). No Brasil, tem duas unidades e o grosso das operações fica na França, EUA, China, Brasil e Indonésia. Há um ano e meio, desfez-se da área de vidros e adquiriu os ativos plásticos da Owens-Illinois.
Fonte: Valor