Mão-de-obra feminina ganha espaço no setor de fundição em Minas Gerais
Publicado: 01 Setembro, 2008 - 00h00
Escrito por: CNM CUT
A falta de mão-de-obra qualificada leva empresas dos mais diversos setores a buscar alternativa para suprir a oferta de vagas. De cursos profissionalizantes a treinamentos individuais, a preocupação é não deixar as máquinas paradas. Em Cláudio, na região Centro-Oeste de Minas Gerais, os industriais da fundição e do ramo metalúrgico foram além: decidiram investir na mão-de-obra feminina, que passou a ocupar cargos tradicionalmente preenchidos pelos homens. A iniciativa mostra resultados positivos. Das 99 indústrias da cidade, 55 empregam, ao todo, 710 mulheres nas linhas de produção.
De acordo com o presidente da Associação das Indústrias Metalúrgicas de Cláudio (Asimec), Tomberto Mitre Filho, as mulheres surpreenderam nas fábricas. Segundo o empresário, elas mostraram ser tão produtivas quanto os homens e, na maior parte das vezes, executam as tarefas com mais capricho. "Passei a contratar mulheres para a produção há menos de um ano. Tinha receio de investir na mão-de-obra feminina, mas a iniciativa tem dado grandes resultados", acrescenta.
A participação das mulheres cresce de forma expressiva na indústria da fundição em todo o estado há pelo menos três anos, informa Afonso Gonzaga, presidente do sindicato das empresas do setor (Sifumg). São 2,7 mil trabalhadoras nas fábricas, representando cerca de 10% da mão-de-obra nas 398 indústrias de Minas. Em 2006, elas não passavam de 2% do total. "A busca por desenvolvimento tecnológico favoreceu o avanço das mulheres, que têm o dom de trabalhar uma peça com qualidade e mais esmero que os homens. Além disso, elas se lançaram muito mais às novas oportunidades no mercado de trabalho", afirma o empresário. A contratação de mão-de-obra feminina despontou também, embora com menos intensidade em relação ao município de Cláudio, nas cidades de Divinópolis e Itaúna, pólos de fabricação de peças fundidas.
Outro indicador da bem-sucedida participação feminina na indústria pesada, antigo quintal masculino no chamado chão de fábrica, está nas salas de aula dos cursos ministrados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) de Minas. Dos 40 mil inscritos no processo seletivo para qualificação de aprendizes industriais neste segundo semestre, 42% são de mulheres.
Para a auxiliar de equipamento Julia Aparecida Martins, de 22 anos, valeu o esforço para conquistar o emprego na fundição em Cláudio. Ela foi contratada há seis meses. "Não receberia o mesmo salário trabalhando em uma loja, por exemplo", ressalta. Maria de Fátima Bezerra de Melo, de 42, trocou o trabalho na agricultura baiana pela fundição. Ela faz moldes de peças para empresas.
Fonte: UAI