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Marcopolo define neste ano país para nova fábrica

Publicado: 22 Fevereiro, 2006 - 08h00

Escrito por: CNM CUT

Depois de mais de dois anos de estudos e negociações com potenciais parceiros, a Marcopolo, maior fabricante brasileira de carrocerias de ônibus, anuncia em 2006 a localização da sua sexta subsidiária no exterior. A nova unidade será instalada na Rússia, Índia ou China como parte da estratégia de internacionalização da companhia, que pretende também aumentar o índice de conteúdo local nas linhas de produção fora do país e buscar novos fornecedores globais de peças e componentes para escapar do câmbio apreciado no Brasil, disse ontem o diretor e relações com investidores, Carlos Zignani.

A Marcopolo tem sede em Caxias do Sul (RS) e unidades no Rio de Janeiro, Colômbia, México, África do Sul, Portugal e Argentina, esta última desativada desde 2001 em função da retração da demanda local. A aposta do mercado era que a próxima controlada externa seria na China, mas, conforme Zignani, outro país (Índia ou Rússia) poderá ser anunciado 'antes' em função do ritmo das negociações, pois o plano é colocar uma fábrica com um sócio local.

Na China, a empresa pretende comprar, a partir de agora, peças metálicas, elétricas e eletrônicas para abastecer tanto as fábricas no Brasil quanto no exterior. A Marcopolo já adquire naquele país alguns materiais para a controlada MVC Componentes Plásticos, mas o escritório local está sendo reforçado com equipes brasileiras das áreas de suprimento e logística para buscar novos fornecedores. Atualmente apenas 2% dos componentes utilizados nas linhas de montagem brasileiras são importados e o percentual deve aumentar neste ano, embora o diretor não arrisque uma meta específica.

A Marcopolo também buscará novas fontes de suprimento, inclusive para o Brasil, nos países onde já atua. Em especial no México, cuja fábrica tem hoje um índice de nacionalização quase nulo. Outra unidade que deve aumentar o conteúdo local é a de Portugal, mas só no segmento de microônibus, pois os modelos urbanos e rodoviários são construídos praticamente só com componentes europeus.
Na Colômbia, a nacionalização já supera 80% e na África do Sul, o processo deve demorar em função da dificuldade em localizar fornecedores de peças mais sofisticadas. Por enquanto a empresa compra lá praticamente só aço e alumínio.

Com essas iniciativas, a Marcopolo pretende aumentar a participação das unidades no exterior sobre a produção consolidada. Sem contar as carrocerias que saem desmontadas do Brasil para acabamento fora, a fatia pode chegar a 18% sobre o total estimado de 16,5 mil carrocerias em 2006, estima Zignani. No ano passado, quando a produção chegou a 16,4 mil, a participação foi de 12,3% e em 2004, de 8,5% sobre o total de 15,9 mil ônibus fabricados pela empresa.

Toda esta estratégia está sendo montada pela Marcopolo para escapar dos efeitos negativos da valorização do real ante o dólar. Em 2005, o câmbio foi responsável pela redução de 17,03% para 15,05% na margem bruta, enquanto a receita líquida consolidada cresceu 6,4%, para R$ 1,7 bilhão.

Ao mesmo tempo, o mercado externo absorveu 55,6% da produção física e gerou 55,5% da receita líquida consolidada em reais, enquanto historicamente, com o dólar mais valorizado, esta relação era de 40% da produção e 55% da receita, compara Zignani.

A perda na margem bruta chegou a ser compensada, no ano passado, com operações financeiras de hedge vinculadas às exportações. No entanto, como as operações no Brasil contribuíram mais para a formação do lucro, a incidência 49% maior de Imposto de Renda e Contribuição Social, para R$ 38,4 milhões, acabou levando a uma redução final de 3,1% no lucro líquido, para R$ 82,4 milhões.

No quarto trimestre a empresa conseguiu obter um nível de rentabilidade mais confortável graças a aumentos de preços em dólares e à relativa estabilidade cambial e de custos. Os fatores permitiram a elevação da margem bruta de 11,7% para 19,4% na comparação com o mesmo período do ano anterior, enquanto o lucro líquido subiu de R$ 24 milhões para R$ 35,7 milhões apesar da queda de R$ 506 milhões para R$ 457 milhões na receita líquida. Para 2006, a projeção da companhia é de vendas líquidas de R$ 1,8 bilhão e brutas de R$ 2,1 bilhões, com alta de 5,3% e 6,4%, respectivamente, sobre 2005.

Fonte: Valor