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Minério de ferro: MMX fecha a compra de mina em Minas Gerais

Publicado: 03 Julho, 2007 - 08h00

Escrito por: CNM CUT

A mineradora MMX pode anunciar em breve a compra da AVG Mineração, da família mineira Andrade Valadares Gontijo. Nenhuma das partes confirma oficialmente a conclusão das negociações. Por meio da sua assessoria de imprensa, a mineradora controlada por Eike Batista informou apenas que 'prefere não comentar o assunto no momento'.

Diferentes interlocutores, porém, garantem ter ouvido dos donos da AVG que a venda já está acertada. 'Estamos conversando com todas, a MMX e outras grandes mineradoras', desconversou ontem o diretor da AVG Mineração, Rodrigo Andrade Valadares Gontijo. 'Tudo vai depender da proposta.' Com reservas de 250 milhões de toneladas de minério de ferro, a mineradora poderá render à família, que controla também a AVG Sideruria, entre US$ 300 milhões e US$ 400 milhões.

Na região de Serra Azul, no Quadrilátero Ferrífero, várias pequenas mineradoras têm sido alvo de negociações com grandes companhias. Segundo os dirigentes dessas pequenas empresas, a Vale do Rio Doce, Cia Siderúrgica Nacional (CSN), BHP Bilinton, London Mining e a própria MMX são as empresas que andam fazendo propostas na região. O diretor da AVG admitiu que duas companhias foram mais longe nas negociações.

Com a MMX, as conversas começaram há dois meses e evoluíram mais rapidamente nos últimos quinze dias. A aquisição da mineradora pode ser estratégico para a MMX, que ainda não conseguiu as licenças ambientais prévias para seu projeto de exploração de minério de ferro em Minas Gerais, por meio da subsidiária MMX Minas-Rio. Com uma produção de 2 milhões de toneladas anuais, a AVG já tem todas as licenças para um projeto de expansão para quase quadruplicar a produção, atingindo 7,8 milhões de toneladas até 2010.

A Vale é hoje a principal cliente da mineradora. Segundo Valadares Gontijo, o grupo investiu R$ 50 milhões neste plano de expansão, que começou a ser estruturado há três anos. Não era, portanto, intenção da família vender o negócio. 'É uma questão de oportunidade', disse. O empresário mineiro afirmou que a família ainda não decidiu no que investirá depois da venda da mineração, mas não será na AVG Siderurgia, fabricante de ferro-gusa em Sete Lagoas. Ao contrário do minério de ferro, o segmento de gusa, que exporta a maior parte da produção, vive uma das suas piores crises provocada pela desvalorização do dólar. 'Melhor deixar o dinheiro quieto', brincou.

Com o mercado de minério aquecido, as ofertas andam superando as expectativas dos donos de pequenas mineradoras em Serra Azul. Recentemente, a inglesa London Mining comprou a Itatiaiuçu. O valor da aquisição não foi revelado, mas a companhia informou que pretende investir US$ 100 milhões para triplicar a produção da pequena mineradora, seu primeiro ativo no Brasil. Os ingleses deixaram claro que continuavam estudando outras oportunidades na região. Dona de 27 direitos minerários na região de Alvorada de Minas, onde pretende produzir 26,6 milhões de toneladas anuais, a MMX é outra que estuda a região. O diretor da MMX, Rodolfo Landim não falou em comprar mineradoras em operação mas deixou claro, em diversas oportunidades, que não está descartada a possibilidade de adquirir novas áreas no Estado.

Investimentos em mineração chegarão a US$ 28 bi até 2011

O investimento na atividade mineral no Brasil chegará a US$ 28 bilhões entre os anos de 2007 e 2011. A previsão acaba de ser atualizada pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). O investimento reafirma o Brasil como uma das principais potências mundiais em minério, além de ser dono de uma das maiores reservas do produto.

'O volume de investimento previsto para os próximos quatro anos não tem precedente na história brasileira e está relacionado com o bom ritmo da economia mundial, com demanda forte dos países asiáticos, da Alemanha e dos Estados Unidos, que continuam crescendo', diz Paulo Camillo Vargas Penna, diretor-presidente do Ibram.

A maior parte dos recursos é destinada às chamadas províncias minerais já tradicionais do País, como Goiás, Bahia, Minas Gerais e Pará. O principal mineral em exploração hoje no País ainda é o minério de ferro, mas a economia mineral se expandiu e se diversificou. Níquel, bauxita, manganês, cobre, zinco, chumbo e caulim são alguns dos minerais que despertam mais interesse atualmente. Os metais preciosos (como ouro e prata) e as gemas (pedras) também são alvos de pesados investimentos.

A exploração de ouro na região do Rio Tapajós, no sudoeste do Pará, é uma atividade que ressurgiu nos últimos anos graças ao investimento das chamadas empresas júnior. São projetos pequenos com capital obtido na Bolsa de Toronto, no Canadá, que começam a ficar prontos para exploração. 'Esse é um modelo que tem ajudado o desenvolvimento da atividade mineral brasileira, mas ainda com capital externo. O Brasil já poderia ter aproveitado o modelo para buscar capital nas bolsas e desenvolver projetos no País', afirma Penna.

PESQUISA

O investimento em pesquisa mineral retornou ao País, mas ainda é bancado pelas empresas que exploram reservas, como a Companhia Vale do Rio Doce e a Votorantim, entre outras. De qualquer forma, o último levantamento do Ibram mostra que o País multiplicou por quase quatro vezes o investimento em pesquisa mineral. 'Todos os projetos em exploração neste momento foram desenvolvidos nos anos 80, quando o Brasil recebeu investimentos na área', diz Penna.

Durante anos, os recursos para pesquisa minerária minguaram no Brasil. Em 2003, por exemplo, foram investidos US$ 88 milhões. A partir de 2004, com o aquecimento da economia mundial, os aportes para abertura de fronteiras de pesquisa mineral cresceram substancialmente. Em 2004 atingiram, segundo o Ibram, US$ 200 milhões. Neste ano, a previsão do Instituto é que as empresas invistam US$ 350 milhões. 'Esse investimento também é muito expressivo e projeta boas perspectivas para a economia mineral nos próximos anos', afirma Penna.

Um projeto de mineração, entre a prospecção e a exploração, demora cerca de 10 anos. Com isso, o setor acredita que o desenvolvimento de novas áreas exploratórias fomentará o crescimento da atividade mineral brasileira. Hoje, já não é um negócio desprezível. A atividade deve responder atualmente por 6% do produto interno bruto (PIB) brasileiro. Isso, se não for considerada a transformação do minério, o que elevaria o peso do setor na economia nacional. Segundo o setor mineral foi o responsável, no ano passado, por mais de 20% do superávit comercial do País.

NÚMEROS

US$ 28 bilhões
é o investimento previsto para o setor mineral entre os anos de 2007 e 2011, segundo o Ibram

US$ 88 milhões
foi quanto a atividade de pesquisa mineral recebeu em investimentos em 2003

US$ 350 milhões
é o total de recursos que serão aplicados em pesquisa mineral no Brasil neste ano

4 Estados
são considerados províncias minerais, por concentrarem grandes reservas: Bahia, Goiás, Minas Gerais e Pará

Fonte: O Estado de S.Paulo