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Montadora indiana Mahindra prepara produção em Manaus

Publicado: 24 Janeiro, 2007 - 08h00

Escrito por: CNM CUT

No fim de fevereiro, quando muitos brasileiros estarão curtindo as folias de carnaval, um grupo de 12 profissionais da Índia - engenheiros, auditores e pessoal de chão de fábrica - desembarca em Manaus (AM)para acompanhar a produção dos primeiros veículos para teste de linha da marca indiana Mahindra. A produção em série deve começar em abril.

A montagem final dos utilitários e picapes será feita pela brasileira Bramont, do grupo gaúcho Bringer, que atua no ramo de transporte aéreo de carga. Executivos das duas empresas estão na Índia, esta semana, discutindo detalhes para a inauguração da única montadora de veículos na Zona Franca de Manaus, tradicional pólo de eletroeletrônicos e motocicletas.

A Bringer, cujo proprietário pede para não ter o nome divulgado, é responsável pelo investimento de R$ 30 milhões no projeto. A Mahindra, segundo maior grupo automotivo da Índia, vai fornecer a tecnologia dos veículos. A equipe que chegará no próximo mês fará auditoria do processo produtivo e vai treinar o primeiro grupo de trabalhadores, no máximo 100 pessoas. 'Queremos segurança no processo', diz o diretor comercial da Bramont, José Francisco Oliveira Neto, que viajou para a Índia no domingo.

A Bramont já monta atualmente em Manaus motocicletas da marca Garini, com peças trazidas da China. No local onde funciona a linha, houve no passado a tentativa de produção de jipes da marca Cross Lander, junto com o grupo romeno Aro, mas o negócio fracassou.

RENAULT

No ano passado a Mahindra vendeu 160 mil utilitários e picapes no mercado indiano. O grupo deve entrar no ramo de automóveis em 2009, numa parceria com a francesa Renault para a produção do Logan. A projeção é de produzir 500 mil unidades anuais do modelo até 2013. O carro também será feito no Paraná a partir de 2008 pela Renault do Brasil.

O vice-presidente da divisão automotiva da Mahindra, Sanjeev Mohoni, disse em recente visita ao País que mercado brasileiro 'é um dos mais promissores no mundo para quem fabrica veículos'. A maior montadora da Índia, a Tata, também vai vender picapes no Brasil, que serão produzidas na Argentina com a Fiat.

A Bramont espera montar 200 unidades ao mês de três veículos - um utilitário esportivo (SUV) e picapes cabine simples e cabine dupla, com motor turbo diesel de 2,6 litros. Cerca de 70% dos componentes serão importados da Índia e o resto agregado no País. O objetivo, segundo Oliveira, é nacionalizar 80% em dois anos. Muitos dos fornecedores da matriz atuam no Brasil, como Bosch e Visteon.

O utilitário vai custar R$ 85 mil e concorrerá com Blazer 2.8, da GM (R$ 112,3 mil), e a X-Terra, da Nissan (R$ 115 mil). A picape simples deve custar R$ 72 mil, enquanto o Toyota Hilux 2.5 custa R$ 75,6 mil e a S10 2.8, da GM, R$ 73,2 mil. A cabine dupla será vendida a R$ 78 mil, ante R$ 85 mil da Nissan Frontier 2.8 XE e R$ 83,9 mil da Mitsubishi L200 GLS 2.5.

A Bramont contratou a Usiparts, do grupo Usiminas, para montar as cabines dos veículos. A empresa trará kits da Índia como pára-lama, parte frontal e traseira e o teto, fará a soldagem de tudo, a montagem e a pintura final. 'Também faremos a parte interna das cabines, colocando revestimento, bancos e fiação', disse Flávio Del Soldato, presidente da companhia com instalações em Pouso Alegre (MG).

Em Manaus, a Bramont vai agregar chassi, motor, câmbio e rodas. Del Soldato esteve na Índia e conheceu a fábrica e os veículos, considerados robustos e de qualidade. 'São próprios para ambientes hostis como o Brasil. As estradas e o trânsito também são complicados na Índia', disse. 'Os carros não são iguais aos europeus, que tem chassi baixo.' A Usiparts gastou R$ 60 milhões na instalação de uma linha de prensa que será inaugurada em março.

Oliveira disse que já estão definidos os primeiros 25 concessionários que terão lojas com a bandeira Mahindra by Bramont, dois deles na capital paulista. 'São executivos do ramo que já atuam com outras marcas', limitou-se a informar.

Para produzir em Manaus, a Bramont terá incentivos previstos no modelo de desenvolvimento regional da Zona Franca como redução do Imposto de Importação (II) e isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Segundo a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), a maioria dos fabricantes tem redução de 88% do II. Também há redução do Imposto de Renda (IR) e Pis/Cofins.

Não há regra para nacionalização, mas o Processo Produtivo Básico prevê etapas de produção, geração de empregos, recolhimento de impostos e parcerias entre o fabricante de produto final e fornecedores locais.

NÚMEROS

R$ 30 milhões
será o investimento da empresa gaúcha Bringer no projeto

160 mil
utilitários e picapes Mahindra foram vendidos na Índia em 2006

R$ 85 mil
será o preço do utilitário no Brasil

70% dos componentes
serão importados da Índia

Fonte: O Estado de S.Paulo