Plano da Bolsa de Metais de Londres para futuros de aço divide a indústria
Publicado: 12 Abril, 2006 - 08h00
Escrito por: CNM CUT
A Bolsa de Metais de Londres (LME na sigla em inglês) está preparando o lançamento de contratos futuros para vários tipos de aço, similares aos que são oferecidos para commodities como cobre, níquel e alumínio.
A iniciativa permitirá que consumidores do metal comprem contratos para entregas futuras de tipos específicos de aço a preços prefixados, ajudando a criar mais previsibilidade num setor inclinado a grandes oscilações de preço. Muitos compradores gostam da idéia, mas as siderúrgicas argumentam que o produto delas é complexo demais para ser negociado num mercado de futuros.
Simon Heale, diretor-presidente da bolsa, disse que o primeiro passo será lançar preços de referência do aço. A LME planeja começar a publicar os preços ainda em 2006 e fazê-lo por até um ano, antes de permitir qualquer negociação de contratos, para assegurar que as cotações sejam confiáveis.
'Os preços do aço são notoriamente difíceis de prever', diz Timna Tanners, uma analista de siderurgia da UBS Research em Nova York. 'A falta de dados globais transparentes, em especial a incerteza da China, torna as previsões especialmente difíceis.'
Embora muitos analistas, empresas consumidoras de aço e traders acreditem que um mercado de futuros trará uma maior transparência e estabilidade de preços, as siderúrgicas temem principalmente que isso envolva reduzir muito seu poder de impor preços.
'Não estamos estimulando a negociação de aço na LME', diz Aditya Mittal, diretor-geral e financeiro da Mittal Steel Co., a maior siderúrgica do mundo. 'O aço não é uma commodity. O aço é um produto com valor agregado.'
O aço não se encaixa na definição tradicional de commodity: a de material não processado, negociável livremente. Em vez disso, é uma liga de ferro, coque e, em alguns casos, outros materiais.
Mas outros dizem que, apesar de todas as suas variedades, ele ainda tem as características de uma commodity amplamente usada e negociável.
Várias firmas estão disputando um contrato para fornecer preços de referência à LME, entre elas a CRU Analysis de Londres, que monitora preços de aço há mais de 20 anos. A Steel Business Briefing, uma publicação setorial, está lançando um sistema para acompanhar os preços do aço com base em levantamentos regulares. Outra publicação do setor, a American Metal Market, já publica preços do aço baseados em levantamentos, e está se associando ao analista Peter Marcus, sócio da firma de pesquisa World Steel Dynamics, para lançar seu próprio sistema de preços este mês.
Marcus diz que tanto as usinas quanto empresas compradoras de aço terão 'enormes benefícios com a negociação de futuros' e que um preço menos cíclico dará à indústria siderúrgica uma reputação melhor em Wall Street e acesso mais fácil a capital. Marcus diz que seu sistema vai calcular o preço médio de muitos produtos com base em levantamentos de mais de 50% do mercado de bobinas laminadas a quente.
A Dow Jones & Co., editora que publica o Wall Street Journal, lançou um índice de preços para bobinas laminadas a quente e a frio em 2004. Os preços são médias baseadas em dados de transações mensais fornecidos por compradores e vendedores de aço.
Alguns executivos de siderúrgicas dizem que a negociação de futuros é problemática porque é difícil assegurar a mesma qualidade de usina para usina. Outros temem que firmas de Wall Street possam exercer uma influência indevida movidas por interesses próprios.
Fonte: The Wall Street Journal Americas