Seagate vai iniciar produção de discos rígidos de computador no país
Publicado: 23 Maio, 2011 - 00h00
Escrito por: CNM CUT
A Seagate, segunda maior fabricante de discos rígidos (HD) do mundo, com 30% de participação de mercado, vai começar a fabricar seus equipamentos no Brasil. Em nota enviada ao Valor, a companhia americana informou que o processo de montagem será feito em Manaus pela Phitronics, uma subsidiária da taiwanesa Kinpo Group, especializada na manufatura de eletrônicos sob demanda.
Conforme apurou o Valor, a Phitronics teve um projeto aprovado na Zona Franca, no qual pretende investir R$ 71,7 milhões e empregar 311 de pessoas (direta e indiretamente) em um período de três anos. Nos primeiros 12 meses, a estimativa é aplicar R$ 16 milhões, com 156 profissionais.
A produção inicial prevista é de 1,72 milhão de unidades. O objetivo é ampliar o volume fabricado para 5,2 milhões no segundo ano e para 6,5 milhões no terceiro. Mais de 96% dos componentes usados na montagem dos HDs - a parte do computador na qual são armazenados os dados - serão importados. A princípio, serão fabricados HDs para notebooks e computadores de mesa, com capacidades de 250 e 500 gigabytes (GB). Em três anos, a Phitronics estima atingir um faturamento de R$ 494 milhões com essa atividade.
Segundo a Seagate, a fabricação local vai melhorar a cadeia de suprimento de seus produtos e reduzir preços para fabricantes e distribuidores no Brasil e no Mercosul. A companhia não informou quando a fabricação terá início.
O mercado brasileiro tem uma demanda estimada em 17 milhões de HDs por ano. Os componentes são usados pelos fabricantes em máquinas novas e também vendidos como peças de reposição. A demanda é atualmente suprida por importações e por produtos fabricados localmente pela Samsung e pela Western Digital (WD). A Samsung foi a primeira empresa a fabricar HDs no Brasil e tem uma produção estimada em 5,8 milhões de unidades. A WD chegou ao país no fim do ano passado. Atualmente, produz 500 mil HDs por trimestre. Até o fim do ano, a expectativa é chegar a um milhão.
Segundo Carlos Valero, gerente de vendas para integradores da companhia, a meta pode ser antecipada devido à demanda crescente.
O projeto de fabricação local da Seagate vem sendo elaborado desde o fim do ano passado. Em janeiro, a Digibras, braço de informática do grupo brasileiro CCE, teve aprovado um projeto para fabricação de HDs em Manaus. A companhia projetava investimento de R$ 92,9 milhões em três anos, com estimativa de produzir 11,5 milhões de unidades. Na época, a Seagate afirmou ao Valor que tinha mantido conversas com a Digibras, mas que nenhuma decisão havia sido tomada.
Com o início da fabricação local, a Seagate vai instalar um escritório próprio no Brasil. Até agora, a companhia atuava no país por meio de um representante. Em fevereiro, registrou na Junta Comercial de São Paulo (Jucesp) a abertura da Seagate do Brasil - Comércio, Distribuição, Importação e Exportação de Discos Rígidos Ltda. Os planos para o país serão apresentados a fabricantes de computadores e distribuidores de produtos eletrônicos esta semana por Jhon Vossughi, vice-presidente global de vendas da companhia.
No comunicado, a Seagate não esclarece como será o relacionamento com a Samsung no Brasil. Há um mês as duas empresas anunciaram um acordo de US$ 1,4 bilhão pelo qual a Seagate assumiria a unidade de HDs da Samsung. O negócio, que eleva para 40% a participação da Seagate no mercado mundial, aguarda aprovação por órgãos reguladores em vários países.
A união entre Seagate e Samsung foi uma resposta a uma operação semelhante anunciada em março: por US$ 4,3 bilhões, a WD - principal concorrente da Seagate, com 31% do mercado mundial, segundo a consultoria americana iSuplli - comprou a unidade de HDs da japonesa Toshiba. O negócio, que também aguarda aprovação, eleva a participação de mercado da WD a 41% do total.
A concentração é a saída encontrada pelos fabricantes para reduzir o impacto das oscilações de preços dos HDs e fortalecer os investimentos na tecnologia de discos de estado sólido (SSD), que são mais eficientes e vão substituir os HDs nos próximos anos.
Fonte: Valor