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Siderurgia: alta da sucata impacta resultados da Gerdau

Publicado: 13 Agosto, 2007 - 08h00

Escrito por: CNM CUT

O lucro da Gerdau, maior siderúrgica da América Latina, caiu 18% no segundo semestre e 4,6% de janeiro a junho em conseqüência do aumento dos custos, segundo informou ontem seu presidente, André Gerdau Johannpeter.

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Ele disse que prevê estabilidade dos preços dos insumos na segunda metade do ano, 'o que deverá melhorar o resultado da companhia', mas teme que se mantenha o aumento da cotação da sucata, no País e nos Estados Unidos. O mercado norte-americano tem peso de 40% nas vendas do grupo.

'Deveremos ter melhora nas margens e estabilidade nos preços, a não ser pela alta da sucata', afirmou Johannpeter.

O preço da sucata tem apresentado alta tanto no mercado interno quanto no externo. A cotação média é de US$ 250 por tonelada, mas desde dezembro do ano passado houve elevação média de US$ 70 em razão da redução da oferta. O material vem principalmente da indústria naval e da automobilística.

Cerca de 70% da produção mundial de aço é feita a partir da sucata. No Brasil, essa proporção cai para 25% porque o País produz minério de ferro em quantidade, e por isso não precisa recorrer tanto à sucata. Mesmo assim, o material tem peso significativo em siderúrgicas como a Gerdau, que consome pelo menos 8 milhões de toneladas de sucata por ano em suas linhas de produção.

Outros insumos também afetaram os resultados do grupo, como a energia elétrica.

O lucro da Gerdau foi de R$ 1,725 bilhão no primeiro semestre e de R$ 656 milhões de março a junho.

China na mira

André Johannpeter informou também que a Gerdau continua com seus planos de expansão internacional: 'Fizemos uma recente aquisição na Índia, em associação com um grupo local, o que vai ser um importante aprendizado para nossos negócios'.

O grupo planeja também entrar no mercado chinês. 'A China também está nos nossos planos, embora o mercado daquele país tenha características próprias, com forte presença estatal e obrigação de ter participação minoritária', afirmou Johannpeter. 'A consolidação da siderurgia deve continuar e queremos continuar a participar dela.'

US$ 4 bilhões para crescer

A Gerdau pretende investir US$ 4 bilhões no Brasil e no exterior até 2009 para manter suas unidades e expandira capacidade.

O grupo vai investir US$ 2,4 bilhões no Brasil e US$ 1,6 bilhão em outros países no período, disse Johannpeter. A capacidade produtiva anual da empresa crescerá 14%, para 23 milhões de toneladas de aço bruto e 10%, para 19,3 milhões de toneladas de aço laminado, disse ele.

A companhia pretende expandir operações como a de sua unidade Açominas. 'É difícil dizer quanto investiremos em novas aquisições', disse Johannpeter. 'Acreditamos que as opções de compra mais atraentes estão fora do Brasil.' A mais recente compra realizada pela empresa foi o acordo, no valor de US$ 4,22 bilhões para adquirir a Chaparral Steel Co., no estado norte-americano do Texas. Essa aquisição não está incluída na estimativa de investimento para o período de 2007 a 2009, disse.

Crédito a imóvel dá impulso

O aumento do crédito imobiliário, que serviu de impulso à construção civil, foi o maior responsável pelos números que a Gerdau apresentou em seu balanço.

A demanda crescente por aço no setor foi responsável por um aumento de 6,04% nas vendas da empresa em relação ao primeiro semestre de 2006, atingindo a marca de 1,083 milhão de toneladas vendidas.

André Johannpeter, explica que, para atender à crescente demanda do mercado interno, a empresa procurou diminuir o número de exportações que, apesar de leve alta de 1,1% em comparação ao primeiro semestre de 2006, caiu 8,2% entre o primeiro e o segundo trimestres desse ano. 'O mercado doméstico é nosso cliente preferencial', afirma.

Oswaldo Schirmer, vice-presidente executivo de Finanças, reforça o cenário favorável para as vendas internas: 'A carteira de crédito imobiliário cresceu no País 22%, assim como outros setores como máquinas e implementos agrícolas e o setor automotivo'.

A atuação da Gerdau no exterior também obteve crescimento, especialmente baseado na aquisição de empresas no México, na República Dominicana e na Venezuela, já consolidadas nos números do último trimestre.

A alta da cotação dos insumos começa impactar o resultado de grandes companhias. A siderúrgica Gerdau e a petroquímica Braskem, que anunciaram ontem seus balanços do primeiro semestre, registraram perdas com o aumento do preço de matérias-primas.

O lucro da Gerdau, maior siderúrgica da América Latina, caiu 18% no segundo trimestre e 4,6% de janeiro a junho em decorrência do aumento dos custos, segundo seu presidente, André Gerdau Johannpeter. Ele teme que se mantenha o aumento da sucata (insumo para produzir aço). O mercado norte-americano pesa 40% nas vendas do grupo. 'Deveremos ter estabilidade nos preços, a não ser pela alta da sucata', afirmou.

A Braskem, maior indústria petroquímica da América Latina, aguarda uma posição da Petrobras em relação a uma redução do preço da nafta, principal matéria-prima da cadeia petroquímica. No segundo trimestre, o preço médio da tonelada do insumo alcançou US$ 670, crescimento de 21% em relação a janeiro-março. De março a junho, o custo da Braskem com a nafta cresceu 17% em relação ao primeiro trimestre, representando um gasto adicional de R$ 389 milhões. A companhia importou 38% do insumo que utilizou no segundo trimestre. Segundo José Carlos Grubisich, presidente da Braskem, a empresa apresentou propostas à estatal na tentativa de renegociar o preço da nafta no mercado interno. 'Estamos esperando uma posição da Petrobras', afirmou Grubisich.

O peso do custo de insumos explica por que os preços do gás contratado entre Petrobras e Ceará Steel foi parar na Justiça. O vice-presidente do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), Marco Polo de Melo Lopes, informou que vai depor na Polícia Federal sobre a ação que a entidade move na Justiça para impedir o preço subsidiado de gás.

Fonte: DCI