Toyota está homologando fornecedor do novo carro
Publicado: 20 Junho, 2008 - 00h00
Escrito por: CNM CUT
A Toyota já começou o processo de homologação de fornecedores para o carro que será produzido na sua segunda fábrica de automóveis brasileira. Trata-se de um projeto ambicioso. O plano é para mais de 200 mil veículos por ano, um volume hoje atingido somente pelo Gol, o automóvel mais vendido no Brasil.
A quantidade de produção planejada indica que o próximo carro da Toyota no Brasil será um modelo pequeno, possivelmente de baixo custo. Segundo a montadora já informou os fornecedores, esse veículo precisa entrar em produção em 2010.
O Valor apurou que o processo de homologação, em curso há algum tempo, envolve duas frentes. De um lado, a montadora começou a escolher os fabricantes de componentes já instalados no Brasil que serão seus fornecedores diretos. Mas há também empresas de autopeças japonesas ainda sem filiais no Brasil dispostas a acompanhar a Toyota. O processo de homologação, no caso, está sendo feito em peças e materiais de empresas locais que se tornarão os fornecedores das autopeças japonesas interessadas em ter fábricas no país.
Essa análise é criteriosa. Leva em conta rígidos padrões de qualidade da Toyota, conhecidos pela comunidade automotiva. As visitas nas empresas candidatas a entrar na lista dos novos fornecedores são feitas, em boa parte das vezes, por técnicos que vêm da matriz, no Japão, em grupos que chegam a somar até dez pessoas.
Segundo uma fonte que participou de uma dessas visitas, os técnicos são exigentes. Mas, ao mesmo tempo, têm percebido que muitos dos métodos de manufatura enxuta inventados pela própria Toyota foram copiados por boa parte dos maiores fabricantes de autopeças instalados no Brasil.
Hiroyuki Watanabe, principal responsável pela área técnica da Toyota no Japão, que esteve no Paraná na terça-feira visitando um dos terrenos cotados para receber a nova fábrica, retornou ontem para o Japão. Os técnicos que avaliam as regiões para instalação da nova fábrica também demonstraram interesse por áreas do interior de São Paulo.
O novo investimento será o segundo grande passo que a Toyota dá no Brasil desde que decidiu fabricar aqui o utilitário Bandeirante, na década de 50. O primeiro foi em 1998, quando começou a produzir o automóvel Corolla em Indaiatuba (SP). Apesar de o novo projeto ser ousado, a Toyota está atrasada no planejamento de crescimento na América do Sul.
Primeiro, porque a companhia já começou a perder espaço no mercado local para os concorrentes, inclusive a Honda. As duas marcas japonesas começaram a produzir carros de passeio no Brasil praticamente ao mesmo tempo. Mas o projeto industrial da Honda está em fase mais adiantada.
Além disso, a direção da Toyota, montadora mais rentável do mundo, sabe que precisa investir nos mercados emergentes se quiser mesmo tirar a General Motors da liderança mundial. Nos últimos anos, a empresa japonesa gastou a maior parte do tempo erguendo novas fábricas nos Estados Unidos. Construiu ali até linhas de picapes para atender ao gosto americano. A companhia sofre agora, tanto quanto os fabricantes americanos, os efeitos da crise nos EUA e do impacto da alta do petróleo nas vendas de veículos.
Fonte: Valor