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Trabalhadores entregam Plataforma Naval do Cone Sul e reforçam unidade regional

Com participação importante da CNM/CUT, iniciativa inédita une países da região em torno de um projeto comum para retomar a indústria naval e ampliar oportunidades de trabalho qualificado

Publicado: 05 Dezembro, 2025 - 12h13 | Última modificação: 05 Dezembro, 2025 - 18h29

Escrito por: Redação CNM/CUT

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Em um ato considerado histórico para a classe trabalhadora sul-americana, a Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT) participou, nesta quarta-feira (3), em Brasília, da entrega oficial ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) da Plataforma de Integração e Cooperação da Indústria Naval e Offshore do Cone Sul. A entidade foi representada pelo secretário de Relações Internacionais, Maicon Michel Vasconcelos da Silva, e pelo coordenador do segmento Naval, Edson Rocha.

A plataforma é fruto de um processo iniciado há dois anos. Já teve seminário realizado na Universidade de Buenos Aires (UBA), reunindo trabalhadores, sindicatos, empresários, universidades e representantes governamentais de vários países e várias reuniões onlines. Trata-se da primeira iniciativa em 34 anos de Mercosul a produzir um documento setorial comum envolvendo todos esses atores, um marco político, econômico e sindical.

O objetivo central é integrar a cadeia produtiva da indústria naval e offshore em toda a América do Sul, fortalecer o desenvolvimento regional, gerar empregos de qualidade e impedir que as demandas industriais do continente continuem migrando para países da Ásia, aprofundando desigualdades e precarização.

“A construção desta plataforma é inédita. Pela primeira vez trabalhadores, empresários, academia e governos elaboram juntos uma proposta para o setor naval no Cone Sul. Isso devolve força à nossa região num momento em que corporações transnacionais tentam retirar direitos e explorar nossos recursos. Com esta plataforma, recolocamos o Cone Sul na disputa global”, destacou Maicon.

O documento entregue ao MDIC propõe que o Brasil, por ser o país com maior estrutura produtiva e por estar retomando políticas industriais, lidere o diálogo entre os governos da região. O Ministério, responsável por reorganizar a legislação e reconstruir a indústria naval brasileira, recebeu o material como subsídio estratégico.

Segundo Edson Rocha, a entrega é apenas o primeiro passo. “A luta está só começando. Precisamos impedir que nossa demanda industrial continue sendo enviada ao exterior enquanto os trabalhadores brasileiros e nossos hermanos ficam no subemprego. Esta plataforma cria um caminho para retomar a construção de navios, plataformas e toda a cadeia produtiva, com emprego de qualidade aqui na América do Sul.”

A cadeia naval é uma das mais extensas e de maior impacto social e econômico, envolvendo setores como metalurgia, química, construção civil, energia, logística, alimentação e tecnologia. Como aponta o documento, ela possui enorme potencial de reativar economias, reduzir a sazonalidade típica do setor e garantir produção contínua e lucrativa na região.

Um passo decisivo para um futuro comum

Para Maicon, a plataforma inaugura um novo patamar de cooperação regional. “Estamos colocando a região na rota dos grandes blocos internacionais. A indústria naval é estratégica e pode integrar economias inteiras. É disso que se trata: empregos, soberania e futuro para o nosso povo.”

Edson reforça o compromisso da CNM/CUT. “Seguiremos lutando para transformar este documento em políticas concretas que gerem trabalho, renda e dignidade para milhões de trabalhadores e trabalhadoras.”

A entrega ao MDIC simboliza o início de uma articulação que pode redesenhar o mapa industrial da América do Sul, com protagonismo dos trabalhadores, integração produtiva e desenvolvimento a serviço da soberania da região.

Integração regional e papel dos sindicatos

A Plataforma reafirma a necessidade de ressignificar e fortalecer o papel sindical nas relações de trabalho, especialmente diante dos desafios tecnológicos, das reformas trabalhistas recentes e da convivência entre múltiplas gerações no mundo do trabalho.

O documento propõe:

  • criação de um Fórum Tripartite Permanente + Academia;

  • integração de universidades, institutos técnicos e escolas de engenharia;

  • alinhamento das condições de trabalho, segurança e proteção social entre os países;

  • equivalência salarial na cadeia naval;

  • integração tecnológica entre empresas do Cone Sul;

  • políticas de fomento e soberania produtiva em toda a região;

  • centros tecnológicos integrados;

  • articulação legislativa conjunta nos países participantes.

Construindo uma agenda de transformação na América do Sul

O processo conta também com a participação do deputado federal Alexandre Lindenmeyer (PT-RS), integrante da Frente Parlamentar em Defesa da Indústria Naval, e de sindicatos nacionais do Uruguai, Argentina, Chile, Bolívia e Paraguai.

As entidades signatárias incluem:

  • CNM/CUT
  • UOM
  • ATE
  • PIT-CNT
  • Industriall / Constramet
  • CNTM
  • Sindicato Argentino de Obreros Navales
  • FISENGE
  • Senge-RJ
  • UFF
  • CCSCS
  • SINAVAL
  • Transpetro