União, solidariedade e sororidade deram o tom do Encontro do Coletivo Gabi
Evento de formação promovido pela FTM-RS debateu também a importância da organização das mulheres para avançar na defesa e na conquista de direitos
Publicado: 27 Março, 2025 - 18h04 | Última modificação: 27 Março, 2025 - 18h15
Escrito por: Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Porto Alegre (STIMEPA)

No último final de semana, entre os dias 21 e 23 de março, a Colônia de Férias do STIMEPA recebeu a quarta edição do Encontro Estadual do Coletivo de Mulheres Gabi. O evento, promovido pela Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos do RS (FTM-RS), reuniu mais de cem mulheres metalúrgicas de diversas regiões do estado. Algumas mulheres levaram ainda seus filhos, que ficaram sob os cuidados de uma equipe de recreacionistas profissionais.
Estiveram presentes delegações com trabalhadoras metalúrgicas dos sindicatos da Grande Porto Alegre, Cachoeirinha, Canoas, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Venâncio Aires, Erechim, Santa Rosa, Carazinho e Horizontina.
A vice-presidente da FTM-RS, Eliane Morfan, destacou a importância da organização das mulheres no movimento sindical e a luta por uma sociedade mais justa com a garantia de igualdade de direitos. “Garantir e ampliar os direitos das mulheres não é retirar os direitos dos homens, mas sim uma questão de igualdade e de evolução da sociedade”, afirmou, ressaltando a necessidade de um avanço nas pautas feministas dentro e fora do meio sindical.
Participaram da abertura do evento com uma saudação os presidentes da FTM-RS, Lírio Segalla, e do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Porto Alegre (STIMEPA), Adriano Filippetto; e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Leopoldo, Valmir Lodi. Eles saudaram a presença massiva das mulheres e ressaltaram a importância do empoderamento feminino. Os dirigentes concordam com a importância de as mulheres ocuparem cada vez mais os espaços para fortalecer a pauta e as lutas feministas.
Durante o encontro foram apresentados os desafios enfrentados pelas mulheres trabalhadoras com destaque sobre a importância da união, solidariedade e sororidade entre as mulheres na luta por direitos e igualdade de gênero.
A advogada Juliane Durão, uma das palestrantes do evento, fez um resgate histórico do papel das mulheres no movimento sindical e alertou sobre a conjuntura atual, enfatizando a importância da presença das mulheres em espaços de poder. Para ela, é fundamental que as mulheres se posicionem e participem ativamente da vida política e social. “Nenhum direito é dado, ele é conquistado. A luta por direitos deve ser contínua e os espaços de poder são essenciais para ampliar essas conquistas”, afirmou.
Para a dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre (STIMEPA), Taise Gonçalves, foi uma alegria ver que a cada encontro aumenta o número de mulheres que participam. “A cada encontro, vemos mais metalúrgicas se unindo à nossa causa. Isso é um sinal claro de que estamos avançando na nossa luta. A participação de todas é essencial para que possamos conquistar mais direitos e igualdade”, ressaltou
Vivas, livres e com direitos
Entre as pautas levantadas durante o encontro, a redução da jornada de trabalho foi um dos temas centrais, especialmente porque, para muitas mulheres, a carga de trabalho fora de casa é dobrada. Além do trabalho nas fábricas, muitas ainda assumem o cuidado com a família, filhos e tarefas domésticas, o que agrava a sobrecarga.
A educadora popular Lurdes Santin, que conduziu o evento, enfatizou a importância da sororidade entre as mulheres, lembrando que a luta por direitos não deve ser marcada pela concorrência, mas pela solidariedade e apoio mútuo. “Se nós, mulheres, estivermos unidas, nenhum homem poderá nos separar. Devemos nos apoiar, as mais velhas com as mais novas, para construir uma rede forte e coesa”, afirmou Lurdes.
Luciene Leszczynski / Comunicação STIMEPA
Reflexões e desafios
O encontro também foi um espaço para reflexão sobre os desafios atuais enfrentados pelas mulheres no Brasil, onde, infelizmente, o feminicídio ainda é uma triste realidade. Lurdes lembrou que o Brasil é o 5º país que mais mata mulheres e que o feminicídio é um reflexo da mentalidade de posse e dominação ainda presente na sociedade.
Durante a condução das atividades, Lurdes destacou ainda a importância de fortalecer a base e ampliar a participação das mulheres nos espaços de decisão. “Precisamos de mais mulheres sindicalizadas ao nosso lado, rompendo com o patriarcado e com o machismo, tanto dentro de nós mesmas quanto fora, nas estruturas sociais e sindicais”, afirmou.
Na manhã de domingo (23), a secretária de mulheres da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM-CUT), Maria de Jesus de Almeida, participou do encontro de forma virtual. Ela apresentou o trabalho que a Confederação vem realizando com relação à pauta das mulheres, sobretudo também no combate à violência ou quaisquer formas de assédio.
Organização
O Coletivo Gabi tem sido um instrumento de organização das mulheres metalúrgicas, com ênfase na formação sindical e no empoderamento de novas lideranças. A troca de experiências e a solidariedade entre as mulheres de diferentes regiões do estado foram destacados como elementos essenciais para o fortalecimento do movimento.
A presença de mulheres nos espaços de liderança, como a vice-presidente da FTM-RS, Eliane Morfan, e outras líderes de sindicatos locais, como as presidentas do Sindicato dos Metalúrgicos de Erechim, Sandra Weishaupt, e dos Metelúrgios de Passa Fundo, Elisandra Antunes, também foi comemorada como uma demonstração do avanço da presença feminina. “Mas é preciso que cada vez tenhamos mulheres a ocupar cargos de liderança e de decisão dentro do movimento sindical”, ressaltou a educadora popular Lurdes.
O evento terminou com uma forte mensagem de união e ação coletiva. Como destacou a advogada Juliane Durão, a luta das mulheres por seus direitos é uma luta histórica e deve ser tratada com seriedade e comprometimento. “O futuro do trabalho é feminista. E para que possamos alcançar igualdade real, precisamos ocupar mais espaços de poder, fortalecer nossa rede de apoio e continuar a luta por um mundo onde todas as mulheres possam viver livres, vivas e com direitos garantidos”, concluiu.
O Encontro Estadual do Coletivo de Mulheres Gabi foi, mais uma vez, um marco importante para a luta das mulheres metalúrgicas no Rio Grande do Sul, evidenciando o crescimento da participação feminina no movimento sindical e a necessidade urgente de avançar nas pautas que garantem a igualdade de direitos e oportunidades para todas as trabalhadoras.