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Usiminas vai reativar dois altos-fornos até fim de julho

Publicado: 21 Julho, 2009 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

A Usiminas, maior fabricante de aços planos do país, anuncia esta semana que vai religar dois dos seus três altos-fornos parados: um em Ipatinga, no Vale do Aço mineiro, e outro em Cubatão, na Baixada Santista. A decisão da empresa, cujas produção e vendas foram fortemente afetadas pela crise internacional desde novembro, deve-se em essência à melhoria da demanda do mercado externo. No Brasil, a avaliação é de que a expansão do mercado ainda está mais lenta do que o esperado, principalmente no setor de bens de capital.

Desde junho, a demanda por aço no mercado internacional, puxada pela China e outros países da região, e pela queda dos estoques na Europa e EUA, reagiu. Aumentaram pedidos de semi-acabados (placas e tarugos) e material laminado a quente. Por conta disso, as exportações do Brasil cresceram 45,5% sobre maio e 3,5% comparado a junho de 2008. Os preços também subiram - mais de US$ 100 a tonelada nas últimas cinco a seis semanas. Isso levou usinas a reativar fornos (casos de Gerdau Açominas e CSN) e outras a operar seus equipamentos no máximo da carga, como a ArcelorMittal Tubarão.

Com capacidade total para produzir 9,5 milhões de toneladas por ano de aço bruto (placas) nas duas usinas, a Usiminas paralisou seu primeiro alto-forno em novembro, em Ipatinga, e, logo em seguida, um segundo. A unidade de Cubatão, depois de operar à baixa carga por um bom tempo, foi a última. Parou de vez em março. Assim, a empresa passou a operar com metade da capacidade instalada nos dois polos.

No primeiro trimestre, a empresa produziu apenas 1 milhão de toneladas de aço, abaixo de 50% do volume que está apta a fazer. Por conta da crise, vendeu apenas 1,05 milhão de toneladas no período e amargou prejuízo de R$ 112 milhões. Amanhã, à noite, a Usiminas divulgará o resultado do segundo trimestre.

Segundo apurou o Valor, o alto-forno de Cubatão, de nº 2, será reativado até o fim de julho. O equipamento responde por cerca de metade da capacidade de produção da usina paulista, de 4,5 milhões de toneladas de aço ao ano. Na época de sua paralisação, o presidente da companhia, Marco Antônio Castello Branco, disse que "a retomada da demanda não havia ocorrido conforme se esperava".

Em Ipatinga, que está capacitada para fazer 5 milhões de toneladas ao ano, a empresa está retomando a operação do forno nº 2. Com isso, voltará a operar ao nível de 75% a 80% da capacidade total, com dois equipamentos. O alto-forno tinha parada para manutenção prevista para junho. A crise forçou sua antecipação a partir do início de dezembro. Tinha previsão de ser religado até abril, mas a demanda nos mercados doméstico e externo não reagiu.

O equipamento nº 1 de Ipatinga, com operação interrompida na mesma época, não tem data definida para voltar.

Reduzir ou parar de vez a produção de um alto-forno não é uma tarefa simples. As siderúrgicas desenvolveram vários métodos ao longo do tempo para fazer isso sem afetar a estrutura e o desempenho da instalação. Nessa crise, foram usados basicamente três formatos. O primeiro deles foi reduzir a capacidade de carga no alto-forno com uso de até 100% de coque (carvão) no processo, criando uma crosta mais grossa na sua parede interna. Nesse caso, para não correr risco, aconselha-se baixar a produção no máximo 20%.

O caso intermediário é o chamado "abafamento". Toda a carga interior é limpa e o equipamento permanece apenas aquecido com coque, sem produzir. Recomenda-se manter esse sistema no máximo de 30 a 60 dias. O caso mais extremo é o apagamento total do forno. Nessa situação, geralmente as empresas aproveitam para antecipar reformas dos equipamentos, enormes estruturas de até 100 metros de altura. A cada período de anos essa manutenção tem de ser feita. Trata-se de uma operação demorada (mais de 90 dias) e com elevado custo. Há exemplos em que se gastam mais de US$ 100 milhões.    

Mundo fabrica 4% mais em junho e China bate recorde

A China não para de surpreender. Enquanto países como Estados Unidos e outros europeus ainda amargam quedas na faixa de 40% a 50% na produção mensal de aço, o país de 1,3 bilhão de habitantes e cuja economia cresceu 7,9% no último trimestre mantém sua siderurgia operando a todo o vapor durante a crise. Em junho, não fez por menos: alcançou recorde histórico de produção em um único mês: 49,4 milhões de toneladas. O número significou 6% de alta em relação a um ano atrás e 6,5% sobre o mês anterior.

De janeiro a junho, as usinas chinesas despejaram de seus fornos 266,6 milhões de toneladas, aumento de 1,2% sobre o mesmo período do ano passado, quando o país estava em ritmo acelerado por conta do aquecimento econômico local e da Olimpíada de Pequim.

Já a produção global de aço bruto em junho também mostrou melhoria, grande parte puxada pela China, mas com apresentação de leve recuperação em muitos países, segundo dados do World Steel Association divulgados ontem. Em relação a maio, o volume cresceu 4%, para 99,82 milhões de toneladas. Comparado a junho do ano passado, houve queda de 16%. No semestre, a produção apresentou queda de 21,3%, para 549 milhões de toneladas.

Fonte: Valor