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Metalúrgicos do ABC lançam compromisso às mulheres em evento com ministras

Anielle Franco e Cida Gonçalves estiveram em evento no ABC, que contou com a apresentação das crianças e jovens atendidos pelo Centro Cultural Afro Brasileiro Francisco Solano Trindade

Publicado: 03 Maio, 2024 - 12h35 | Última modificação: 03 Maio, 2024 - 12h40

Escrito por: Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

Adonis Guerra / SMABC
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O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SP) reafirma sua disposição de luta e solidariedade às mulheres trabalhadoras, às metalúrgicas do ABC e aos movimentos organizados ao lançar na última terça-feira, 30, o termo de compromisso ‘Igualdade: mulheres, mulheres negras e LGBTQIAP+ nas relações de trabalho’ durante diálogo com as ministras Anielle Franco, da Igualdade Racial, e Cida Gonçalves, das Mulheres, na Sede do Sindicato. Os Metalúrgicos do ABC defendem o direito à igualdade salarial e isonomia nas relações de trabalho, especialmente em sua base de representação, como garantia de empregos qualificados e de cidadania à classe trabalhadora.

Durante o evento ‘Trabalho, Democracia e Igualdade Racial’, que contou com a apresentação das crianças e jovens atendidos pelo Centro Cultural Afro Brasileiro Francisco Solano Trindade, a diretora executiva do Sindicato e coordenadora do Coletivo de Mulheres Metalúrgicas do ABC, Andrea de Souza, lembrou que as mulheres no Sindicato são poucas, em um universo de 172 dirigentes.

“Nós somos 12, mas fazemos a diferença e esse Sindicato, como a história já mostrou, é um Sindicato de luta”, contou. “Nós, mulheres pretas, estamos na base da sociedade. Nós que ganhamos menos. Nós que mais sofremos violência. Nós que estamos nos cargos de trabalho menos favorecidos. Nós somos maioria e temos que nos levantar, acreditar e fortalecer todas as mulheres que pudermos”.

Nega lembrou que, em março passado, o Coletivo esteve em várias fábricas para falar sobre a importância da igualdade salarial entre homens e mulheres. “Então, companheiras Cida e Anielle, sintam-se abraçadas, nós estamos juntas nessa luta. O termo de compromisso entregue a vocês hoje, levaremos às fábricas, vamos fortalecer essa luta para que a gente possa, de alguma forma, diminuir essas diferenças salariais, essas discriminações que existem hoje”.

Projeto

O presidente do Sindicato, Moisés Selerges, contou às ministras e convidados que o projeto do Sindicato é simples: emprego, salário, comer bem, moradia, universidade, cultura, democracia. “Nós queremos ser felizes porque, afinal de contas, somos nós que produzimos a riqueza do país”, destacou.

“No nosso projeto não cabem pessoas dormindo na rua, pessoas que não estejam comendo, não cabe violência contra a mulher, machismo, no nosso projeto não cabe o racismo, que existe todos os dias dentro das fábricas. Inclusive, nós temos que combater isso”, destacou Moisés. “Essa geração tem a obrigação de entregar um país melhor para as próximas gerações e nós não iremos nos omitir”.

Vidas negras

“Considerando que a população negra é maioria no país, quando olhamos para o mercado de trabalho e universidades essas pessoas são minoria também”, contou o coordenador da Comissão de Igualdade Racial, Clayton Willian, o Ronaldinho. “Precisamos sempre nos questionar quais espaços essas pessoas estão ocupando atualmente, quais medidas o governo federal vem adotando para reduzir a desigualdade, considerando que passamos por um governo que deixou esta questão em segundo plano”.

Ronaldinho lembrou ainda que as abordagens agressivas das políticas com a população negra é algo que a comissão sempre tem aqui debatido no Sindicato. “O que está acontecendo na Baixada Santista, litoral paulista, é um crime, e a gente precisa estar sempre lembrando as autoridades. Aquelas pessoas que estão lá, perdendo as suas vidas, são e merecem respeito. Vida negras importam”.

“A igualdade salarial é um processo de discussão muito mais que democrático, é civilizatório. Não existe um país civilizado com uma mulher ganhando menos que o homem pelo mesmo trabalho. Não existe um país civilizado onde as relações que são estabelecidas são de ódio contra as mulheres, que se pode bater, matar, estuprar e ainda colocar com salário menor nas fábricas, nas indústrias e nos comércios. Se eles querem nos matar, se eles querem nos calar, nós vamos gritar até eles cansarem. Se eles tamparem a nossa boca, nós vamos falar com as nossas mãos, com os nossos corpos, vamos caminhar, mas nós não vamos nos calar. Esse é o desafio que nós temos que fazer”, discursou Cida Gonçalves, ministra das Mulheres.

“Essa Anielle que fala hoje com vocês, que está ministra da Igualdade Racial, é mãe, irmã, esposa, professora, estudante, acredita em um projeto político de país onde a gente vai olhar para trás e dizer que cada luta tem valido a pena para que a gente se mantenha vivo, e é um sonho constante. A gente não luta só para a gente, a luta que é individual não faz sentido. Temos que vangloriar, exaltar, ressignificar, fortalecer as nossas mulheres enquanto estamos vivas. Então, cuidem umas das outras. Cuidemos uns dos outros nesses espaços porque o nosso autocuidado também é político”, disse Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial.